"Ítaca" - Para Antonio Cicero
Quiseste a segurança de sentir
Tudo, de não teres um coração
Pra o tempo que pensaste, para a mágica
Que é preciso inventar à força, dia
Após dia, com lágrimas e cinzas,
Entre um verso e as tais idas, à socapa,
Às saunas, às festas, às recepções
Públicas, como se as vontades fossem
A engrenagem necessária pra pose,
Pra o aceno enquanto apenas era Ítaca.
Voltavas pra casa, assustado, triste...
Era um crime teres sido tu mesmo
Em todos os momentos, teres dado,
À rotina do teu âmago, o amor,
Amando os homens, a farsa possível,
A realidade fria do sonho.
Infinitas vezes voltaste à Ítaca.
Era preciso. Tinhas a esperança
Das suaves manhãs, dos portentos,
De não sentir mais nada, pra viver.
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