"Apontamento" - Para Antonio Cicero
Claro que um poeta não pode
Prometer a quem quer que seja
O seu pensar numa bandeja
Nem seu cosmo servir em ode.
Com sorte, nada possa mesmo
A não ser se deixar, à leva
De grácil tentação, qual Eva
E Pandora, sentir, e, a esmo,
Sucumbir a todo desejo.
Mas para quê? Para que tanto,
Se se forja o enigma, em seu canto,
Ante o olvido, em um só lampejo,
Para iluminar toda a vida
Co' amor, decerto? Assim, o verso
Vinga e em si permanece imerso,
E, liberto, ilusões lapida.
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