quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Adriano Nunes: "O olhar sem nortes"

"O olhar sem nortes"


Muito se faz
Para ter paz.
Muito se quer
Uma qualquer.
Não sei se são
Do coração
Esses enganos
Por tantos anos.
A face triste
Que em mim persiste.
O olhar sem nortes
Que me recobre
De dores fortes.
Fio de cobre
Que era o ouro
Que era o louro
Da minha infância
De sonho e ânsia.
Eis que, deitado,
Aqui, no quarto,
Fere-me o fado.
O ser reparto
Em vários, para
Ver se mais clara
Torna-se a vida,
Já corroída
Pela esperança
Que tudo lança
Para depois,
Que será, pois,
A afirmação
Que resta à mão:
Toda a ilusão
Na contramão.

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