quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Adriano Nunes: "o poema" - Para Antonio Cicero

"o poema" - Para Antonio Cicero


hoje o poema está
com a agenda lotada:
abrigou-se no tempo
do silêncio da sala,
não precisa louvar
mais nada, nem a flor
de lótus, nem a lógica
do agora, logaritmos,
sequer de ser as fórmulas.

o poema não quer
sorte ou sorteio - fez-se in-
traduzível, à face
do que está cheio,  corre
o risco de ser só
vivo pensar, seu mundo
finca-se além, à tez
do que existe, consome-se,
e ao poeta resiste.

quer explodir o nexo,
feito uma dinamite, o
cerne de cada verso.
sem ceder à vontade
alheia, feito teia
de deserto, sem medo
de porvir, feito susto,
às vezes, tende a vir
de quimeras, abrupto.



com a agenda esgotada,

hoje o poema sabe-se:
abrigou-se no umbigo
do mistério da fala,
decantar não precisa
nem matéria nem alma.
sua mágica vale-se
de ver-se livre da
preguiça das sinapses.


4 comentários:

gorettiguerreira disse...

O Poema?
Para que uma alma linda e suave como a tua venha a descrever de forma mágica e bela.
Bjs de luz.
Goretti

Anônimo disse...

para guardar.

ADRIANO NUNES disse...

Márcio e Goretti,


obrigado!


A. Nunes.

Eleonora Marino Duarte disse...

lindo adriano!

"para guardar"!

um beijo.