"Oligoego" - para Dr. José Mariano Filho
Expor apenas poemas
Prematuros, pensamentos
Ainda indefesos, versos
Placentários, sem espíritos,
Sem reflexos, para quê,
Feito feto cianótico,
Sem choro, quase chocando,
Sem as tais linhas impressas
Do tempo, da gestação,
Sufocado pela pressa
Espessa, por esse sonho
De vir à luz, dando a face
À porrada, à roda-viva,
Enquanto, à tez do papel,
Desesperado, vencido,
Um preguiçoso poeta?
Parafusos soltos, sumo
De conversa, esconderijo
De rimas, masturbações
Turbulentas - as lembranças
Engessadas em meu cérebro -
Essas quimeras quebradas,
Essas metáforas frágeis,
As fórmulas desgastadas,
As estrofes repetidas,
Estradas sempre trilhadas...
Tinta destile esse tino;
Tela desfalque essa falta;
Forma deforme essa força;
Ego desgaste esse gozo;
Elo desloque esse calo;
Frase desfrute essa fresta;
Traço destrua essa treva;
Timbre destranque esse trinco;
Fala desfolhe esse laço;
Folha desfaça essa farsa!
2 comentários:
Um belo exercício de sonoridades
e rimas internas!
Um abraço
Muito bom, Adriano.
Gratíssimo.
Abraço.
Mariano
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