quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Adriano Nunes: "Doem-me os desassossegos de ser eu"

"Doem-me os desassossegos de ser eu"


Ó, tristeza, vê se somes, vê se
Deixas mesmo pra lá tudo o que esse
Instante quer marcar, ó, grã tristeza,
Vê se desapareces da cabeça,

Do peito, dos cansados braços, se
Podes, sem vis surpresas, sair desse
Espírito, do corpo, vã tristeza,
Vê se foges de mim, feito certeza!

Doem-me os desassossegos de ser eu
Os acasos de ser quem mais me penso
E peso! Doe-me tudo e tudo é denso

E ferve adentro: sentir é intenso!
Ó, labirintos do que aconteceu
Às ilusões! Tristeza, dize adeus!

Adriano Nunes

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