terça-feira, 4 de março de 2014

Adriano Nunes: "Do que mal me previno"

"Do que mal me previno"



De mim todo desfeito,
Sem saber qual destino
Dar ao meu frágil peito,
À angústia que abomino, 

Lanço-me satisfeito
Ao inesperado, atino
Ante o que houvera feito
Quando ainda menino

Afeito ao amor perfeito, 
Dado ao som sibilino
Do coração, sujeito
Às migalhas do ensino

Instintivo, insuspeito,
Do deus Eros traquino.
Eis o amargo conceito
Do que mal me previno:

Grã veneno de efeito
Sedutor, repentino,
Pelo sentir eleito,
Intrépido inquilino!

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