sexta-feira, 7 de março de 2014

Adriano Nunes: "As pálpebras abertas para o amor"

"As pálpebras abertas para o amor"



Observo-te: paisagem implacável, 
Desesperada ficção. Ó miríade
De noites que deram em nada, amarras, 
Venenos, tédios e pontes poéticas
Ante a estátua da plástica volúpia,
Gozo pleno de adjetiva amplidão!

Vejo-te vindo, aqui, com outras línguas,
Sem o peso do metro, do recheio
Do ego, e aceito o flerte acidental
Do acaso, das taras incautas, por 
Estar rendido aos teus plexos, pura 
Alegria de sexo sem semáforos.

Canto-te em mim. Concebo a tua falta,
- Querer louco de unir os nossos óbvios,
As pálpebras abertas para o amor -
Pra compormos o que for das lembranças
Densas que nos amalgamam – Dois sóis 
Em cio e só: cabeça, tronco e membros.

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