segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Adriano Nunes: "Cacos"

"Cacos"


Pedaços...
Fragmentos de um sonho
Que não me tem mais suportado.
Estou liberto 
Do que penso,
Solto,
Disperso,
Lançado no vácuo
Do que deve ser
O mínimo vestígio
De poder desafiar o íntimo.
Ou o máximo
Engano. Portanto,
Antes de fechar as janelas,
Sair por aí,
Ver aquela paisagem moldada
Pelo meu coração,
Degustar açaí,
Sentir-me
Sem desvendar o desejo que em mim
Fez-se pleno,
Obrigado.

Estou quebrado,
Quase nu,
Resto de âmago,
Areia de praia à procura de horizontes,
Arco-íris impregnado
De vistas voláteis,
Pelos cantos,
Pelos becos,
Pelas ruas desertas do que é só distância
E desassossego.
Um caco
Dentro
Desse hermético espaço,
Sem o todo
Poder ser,
Lembrança distorcida pela hora sempre por vir,
Porto pronto para receber
O istmo de tudo que é incontável,
Irrestrito, outro e outro e outros mais.
Mas quando
Haverá o amor
A romper os grilhões do medo?

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