domingo, 1 de março de 2009

Adriano Nunes: "Das pedras"

Das pedras 



Desprende-se das pedras meu silêncio,
Um silêncio-cimento, construído,
Ecoado, silêncio dos abismos,
Das grutas, das laringes de silício,


Dióxidos de oxímoros, dos gritos,
Das lágrimas, dos lápis, os silêncios-
-Grafites, das ruínas, dos escritos,
Os silêncios perdidos no que penso.


Dentro de todo livro, concebidos
Em horas de tristezas, os silêncios
Concretos, precipícios de sentidos


Dos prédios e prisões, dos meus amigos,
Do que agora me abriga: não me lembro
De ter ouvido a voz do que persigo.






5 comentários:

Janaina Amado disse...

Este é um soneto difícil, Adriano, e me pareceu muito bem resolvido. O amigo a quem você dedica o poema é engenheiro?

Ana Tapadas disse...

Belo soneto! Digno de ser analisado nas minhas aulas de Literatura!
Bj

ADRIANO NUNES disse...

Janaína,

O soneto decassílabo e com tônica também na sexta foi dedicado a meu amigo Dr. Francisco Passos, Pediatra. Realmente, foi difícil fazê-lo porque tocar num tema como o silêncio é complicado, mas valeu a pena.


Abraço forte!
Adriano Nunes.

ADRIANO NUNES disse...

Ana Tapadas,

Ficarei grato se for feita uma análise deste soneto e depois você me enviar a sua análise porque gosto demais desse poema. Obrigado por suas palavras!


Beijão,
Adriano Nunes.

vieira calado disse...

Soneto que mistura bem aspectos da ciência e a literatura.

Um abraço.