sexta-feira, 23 de junho de 2017

Adriano Nunes: "Das armadilhas íntimas e, ainda,"

"Das armadilhas íntimas e, ainda,"

Quem és que tanto atiças o desejo
De ter-te, a todo custo, de tocar-te
Plenamente, sem medos, outras artes,
Obra-prima de flerte e sóis, que almejo?

Quem és que quando a vida despejo,
Em êxtases, em tudo, me repartes,
Esfacelas meu mundo, por sonhar-te?
És da chance somente o relampejo?

Ah, mistério do agir, grácil paquera
Que me leva a pesar o que não era
Para só ser o instante que já finda!

Ah, sináptico escudo que me blinda
Das armadilhas íntimas e, ainda,
Faz-me refém do olhar que dilacera!

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