segunda-feira, 6 de julho de 2015

César Vallejo: "Intensidad y altura" (Tradução de Adriano Nunes)

"Intensidade e altura" (Tradução de Adriano Nunes)



Quero escrever, porém só sai espuma,
quero dizer muitíssimo e me atolo;
não há cifra falada que não seja soma,
não há pirâmide escrita, sem broto.

Quero escrever, porém me sinto puma;
quero laurear-me, mas me encebolo.
Não há tosse dita, sem ir à bruma,
Sem porvir não há deus nem seu abrolho. 

Vamo-nos, pois, por isso, a comer erva,
carne de choro, fruta de gemido,
noss' alma melancólica em conserva.

Vamo-nos! Vamo-nos! Estou ferido;
Vamo-nos a beber o já bebido,
vamo-nos, corvo, a fecundar-te a fêmea.



César Vallejo: "Intensidad y altura"


Intensidad y altura


Quiero escribir, pero me sale espuma,
quiero decir muchísimo y me atollo;
no hay cifra hablada que no sea suma,
no hay pirámide escrita, sin cogollo.

Quiero escribir, pero me siento puma;
quiero laurearme, pero me encebollo.
No hay toz hablada, que no llegue a bruma,
no hay dios ni hijo de dios, sin desarrollo.

Vámonos, pues, por eso, a comer yerba,
carne de llanto, fruta de gemido,
nuestra alma melancólica en conserva.

Vámonos! Vámonos! Estoy herido;
Vámonos a beber lo ya bebido,
vámonos, cuervo, a fecundar tu cuerva.




VALLEJO, César. "Poemas humanos". In: _____. Obra Poética Completa. Lima: Francisco Moncloa Editores, 1968, p. 347.

Nenhum comentário: