sábado, 18 de outubro de 2014

Adriano Nunes: "Esfinge"

"Esfinge"


Encher de mim as metáforas
Para tentar desvendar-me.
Senão elas, quem me sabe
Demais, a fundo, à socapa?
Leve ilusão, à manhã,
Faz-me pensar que há arte
Em tudo que engendra o olhar.

Encher de mim as metades
Revoltas de mim que são
Um outro e a contemplação
De haver outros que se fazem
Enigmas por casca e carne.
E vêm de báratros tantos
Buscas de mim, ecos quânticos.

Vazar-me para palavras
Preencher do que em meu âmago
Abriga-se, a grã vontade
De a Esfinge não ser, livrar-me
Do espelho, arrancar amarras,
Poder dar aquele salto
Sem medo, e, em versos, cantar-me.



Nenhum comentário: