"Era pra ser um soneto, perdão, mãe!"
Tudo mesmo difícil neste tempo
Estranhíssimo e obscuro. Nada temes,
Eu sei. Manténs-te atenta e até contente,
Ainda que pareças estar presa
Ao próprio lar, à vida que te resta.
Por telefone, alcanças teus parentes
Mais distantes, ausentes. Na tevê
Vês que estamos num barco sem os lemes,
Um barco já furado. Não tens pressa.
As notícias ruins já não te cegam.
Ah, mãe, doce mamãe! Tudo está tenso
Lá fora, nas cidades e fazendas,
Nas vilas e favelas, nos grãs centros
Urbanos, nas moradas dos colegas
E de amigos, nos postos e nos prédios!
Idêntico a um imenso pesadelo
Em que o começo assombra por inteiro.
Imaginei fazer outro soneto
Para ti, porém vi que todo verso
Não se mais ajustava, fixo e hermético,
Queria ainda espaço e movimento.
O teu aniversário, hoje, bem
Na grave pandemia. Que presente
Dar-te, sem esse medo de não ter
Como feliz fazer-te? Com que métrica
Perfeita decantar este portento
De luz e gratidão, em meio às trevas?
Ou com qual decassílabo sedento
De alívio e de saída dar-te a estética
Liberdade do amor? Quem sabe esta
Tentativa de ver-te sorrir, sempre,
Este vasto desejo, com prazer,
De ofertar-te minh'arte, o meu mais ser,
Como um abraço e um beijo, sem receios,
Dos que são teus. Então, eis o que peço
Ao devir, à existência: que a dor cesse,
Que o vírus destruído agora seja,
Que ninguém adoeça mais e que
Qualquer aniversário volte a ter
Festas, alegre gente, até presentes!
Ah, mãe, doce mamãe! Tudo está tétrico
Lá longe, em emergências e, aqui, dentro,
Nas orlas e alamedas, e nas praças
Do Brasil, nas estradas, nos colégios,
Nas igrejas, nos cines e nos templos!
Sim, parece um terrível pesadelo
Em que o desfecho assusta por completo.
Estranhíssimo e obscuro. Nada temes,
Eu sei. Manténs-te atenta e até contente,
Ainda que pareças estar presa
Ao próprio lar, à vida que te resta.
Por telefone, alcanças teus parentes
Mais distantes, ausentes. Na tevê
Vês que estamos num barco sem os lemes,
Um barco já furado. Não tens pressa.
As notícias ruins já não te cegam.
Ah, mãe, doce mamãe! Tudo está tenso
Lá fora, nas cidades e fazendas,
Nas vilas e favelas, nos grãs centros
Urbanos, nas moradas dos colegas
E de amigos, nos postos e nos prédios!
Idêntico a um imenso pesadelo
Em que o começo assombra por inteiro.
Imaginei fazer outro soneto
Para ti, porém vi que todo verso
Não se mais ajustava, fixo e hermético,
Queria ainda espaço e movimento.
O teu aniversário, hoje, bem
Na grave pandemia. Que presente
Dar-te, sem esse medo de não ter
Como feliz fazer-te? Com que métrica
Perfeita decantar este portento
De luz e gratidão, em meio às trevas?
Ou com qual decassílabo sedento
De alívio e de saída dar-te a estética
Liberdade do amor? Quem sabe esta
Tentativa de ver-te sorrir, sempre,
Este vasto desejo, com prazer,
De ofertar-te minh'arte, o meu mais ser,
Como um abraço e um beijo, sem receios,
Dos que são teus. Então, eis o que peço
Ao devir, à existência: que a dor cesse,
Que o vírus destruído agora seja,
Que ninguém adoeça mais e que
Qualquer aniversário volte a ter
Festas, alegre gente, até presentes!
Ah, mãe, doce mamãe! Tudo está tétrico
Lá longe, em emergências e, aqui, dentro,
Nas orlas e alamedas, e nas praças
Do Brasil, nas estradas, nos colégios,
Nas igrejas, nos cines e nos templos!
Sim, parece um terrível pesadelo
Em que o desfecho assusta por completo.
Adriano Nunes
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