segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Adriano Nunes: "Mishima" - para Gal Oppido

"Mishima" - para Gal Oppido


O infante sem ter ainda
Um brinquedo que possa engendrar
Uma existência distinta,
Outra existência
Que se faça plena no Outro.
Talvez, a mísera.
Talvez, a mítica.
Talvez, a mínima.

O falo próprio posto ao óbvio.
O toque tático.
O toque-espanto.
O toque quântico.
As coisas trágicas por detrás do prazer
- A máxima máscara - .
O gozo estético, o esperma-espelho.
Qualquer consciência à deriva.
Qualquer consequência à prima vista.
O cheiro da possibilidade do múltiplo.

O adulto pronto para as instruções de uso.
O quadro de Guido Reni,
mais que quadro,
Símbolo do ato futuro.
A relação íntima com a fotografia
Como se o Devir devesse seguir
Plástico, paralisado, capturado,
Ao menos, por um
Instante.
Como se tudo isso fugisse
Da alegoria.
O ser mais livre.

A tentativa irreprimida
De alcançar o Outro em si,
Os tantos Outros sem fim de toda a vida.
O falo liberto de leis, de ser
somente falo.
O falo liberto de ais, machucado.
O falo entregue à dor, fetichizado.
O falo sendo vácuo, semente soando.
O olhar a vagar pelos cantos...
O Teatro dos Acasos preparando a Morte.
A foice-flecha
- indiferente a tudo -
Decapta o momento absurdamente mudo.


Adriano Nunes

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