segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Adriano Nunes: "Do que dói fundo"

"Do que dói fundo"


Vem madrugada...
Eis o ruído
De existir mundo,
Quase silêncio,
Mistério imenso!

O que compor
Com os fragmentos
Do que dói fundo,
Do que mais arde
Pra tudo e nada?

Haverá isto
No pensamento
Apenas, tido
Qual grave amor,
Oh, furor mítico,

A mais sonhar-te?
Com quais vestígios
De ilusão pôr
A engendrar tempos
O sol da Arte?

Oh, verve alada,
Como agarrar-te
Intacta, dentro
Do acolhedor
Devir fecundo?

Já madrugada.
Este ruído
De sumos, mínimo,
Mesmo silêncio
Faz-se supor.


Adriano Nunes

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