sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Adriano Nunes: "Natal no caderno de versos"

"Natal no caderno de versos"


É Natal - vibram tão ligeiros
No caderno meros quartetos
De oito sílabas - têm feito
De tudo para ter um jeito

De decassílabos perfeitos
Ser. Estranhíssimo desejo!
Rimas pobres puderam cedo
Cantar hinos ao Deus Cordeiro.

O metro diz-se satisfeito.
O ritmo à festa outro enredo
Deu. Um astro cadente veio
Confirmar a vida no seio

Da ceia, de paz tudo cheio
Está. A harmonia, o recheio.
Não tem o poeta direito
A ter um décimo terceiro.

Poesia não é emprego.
Virá o dia derradeiro
Do ano, e poemas inteiros
Ainda sonham ser refeitos.

Odes modernas até mesmo
Querem vestir-se de sonetos.
O alterar-se do agora a esmo.
O devir do dia primeiro...

E tudo em verso como selo!

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