segunda-feira, 8 de junho de 2015

Adriano Nunes: "Do meu coração"

"Do meu coração"


Não mesmo te enganes,
Leitor apressado,
De modernos chamando
Os meus versos tantos.
Desde Homero os faço
E bem sei guardá-los
Nas auroras áureas
Da alma. Já nada
Posso te ofertar
Senão as palavras
Que já foram dadas
A Ulisses e Pátroclo.
Nem revelar a
Sentença mais cara,
Outra, além da água
Convulsa do mar
De Ítaca. Mas
Espero que saibas
Que deste meu canto
Poderá um átimo
De espanto brotar:
Talvez, assim, aches
Que, sem truques, amo
Totalmente a Arte, e
Da cápsula tátil
À carne, chamar-me
Possas, sim, de vate,
De poeta ou bardo.
Mesmo Aedo vale.
Se ao leres-me, à margem
De mim, nomear-me
Quiseres, por lapso,
De Safo, é claro
Que não estarás
Plenamente errado.
Sou todos e mais
Outros que virão
Do meu coração,
Depois de virada
A última página.


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