terça-feira, 24 de julho de 2012

Adriano Nunes: "Manhã"

"Manhã"



Novamente amanheço.
Sol rasgando o horizonte
Dentro do coração,
E  as nuvens a alargar
O infinito de um quântico 

Começo, o dia em mim,

Alegria ululante, 
Outro salto pra tudo,
O rapto do piscar 

De um outro olhar, de um outro,
Um sussurro, um estrondo
Súbito, um grande susto,


O galo se abrigando
Em seu matinal canto,

A aréola da aurora
E as múltiplas miríades 

De ruídos lá fora,
O Sumo de um instante,


Do que em mim se renova,
O pulsar indigesto
Dos prédios, postes, pontes,
Praças, pensões, prisões, 

À prova, faróis frágeis,
Os elos das angústias.

Sobre a mesa, o café. 

Memória a salivar,
- A libélula louca -
O lar, o cosmo tátil,

Cotidiano, o rito,
Risco de amanhecer.

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