"do cerne do coração"
das superfícies, somente
as tensões e nada mais.
pra mim, as profundidades
abissais, todos os báratros
do âmago, todos os ossos
e músculos do momento,
as tais artérias do amor
e o cerne do que me penso.
domingo, 29 de julho de 2012
Adriano Nunes: "Outra vida em mim"
"Outra vida em mim"
Para mim, a vida
Toda, toda sim.
A vida mais louca,
A vida mais torta,
A vida total.
Assim, para sempre,
A vida frequente,
Para, enfim, tal qual
Uma porta pênsil
Abrindo-se para
Tantas outras e
Tantas outras e...
Outra vida em mim,
Adentro, sangrando,
E outras sem fim.
P'ra todos, a vida
Plena, pura, prenhe
De alegria e luz.
Para mim, a vida
Toda, toda sim.
A vida mais louca,
A vida mais torta,
A vida total.
Assim, para sempre,
A vida frequente,
Para, enfim, tal qual
Uma porta pênsil
Abrindo-se para
Tantas outras e
Tantas outras e...
Outra vida em mim,
Adentro, sangrando,
E outras sem fim.
P'ra todos, a vida
Plena, pura, prenhe
De alegria e luz.
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sexta-feira, 27 de julho de 2012
Adriano Nunes: "Consequência" - Para Leo Cavalcanti
"Consequência" - Para Leo Cavalcanti
As melhores coisas do mundo
O mundo das coisas melhores
Coisas do mundo dos melhores
Coisas que coisas não melhoram
Coisas que melhoram as coisas
Coisas que se olham como coisas
Coisas e olhares que se têm
As coisas são melhores sem
As coisas são em consequência
Das coisas que se fazem coisas
As melhores coisas têm mundo
As melhores coisas têm nomes
As melhores coisas existem
As melhores coisas partilham
Do mundo das coisas que são
Coisas: são melhores à mão.
As melhores coisas do mundo
O mundo das coisas melhores
Coisas do mundo dos melhores
Coisas que coisas não melhoram
Coisas que melhoram as coisas
Coisas que se olham como coisas
Coisas e olhares que se têm
As coisas são melhores sem
As coisas são em consequência
Das coisas que se fazem coisas
As melhores coisas têm mundo
As melhores coisas têm nomes
As melhores coisas existem
As melhores coisas partilham
Do mundo das coisas que são
Coisas: são melhores à mão.
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Adriano Nunes: "Eco"
"Eco"
Enquanto música e músculo
O quanto sinto
Enquanto mito e mistério
O quanto surto
Enquanto mofo e momento
O quanto sangro
Enquanto medo e memória
O quanto sonho
Enquanto matéria e máscara
O quanto sê-lo
Todo amor mor
Como recheio
Todo amor mor
Sabe a que veio
Todo amor mor
Ainda alheio
Todo amor mor
Amor melhor
Enquanto houver
Vida qualquer
Vulto qualquer
Vate qualquer
Verso qualquer
Voz qualquer
Ou só o eco.
Enquanto música e músculo
O quanto sinto
Enquanto mito e mistério
O quanto surto
Enquanto mofo e momento
O quanto sangro
Enquanto medo e memória
O quanto sonho
Enquanto matéria e máscara
O quanto sê-lo
Todo amor mor
Como recheio
Todo amor mor
Sabe a que veio
Todo amor mor
Ainda alheio
Todo amor mor
Amor melhor
Enquanto houver
Vida qualquer
Vulto qualquer
Vate qualquer
Verso qualquer
Voz qualquer
Ou só o eco.
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Adriano Nunes: "E há muitos dragões raivosos em vigília lá fora" - Para José Mariano Filho
"E há muitos dragões raivosos em vigília lá fora" - Para José Mariano Filho
O melhor tempo,
Este que nos causa ácido tormento,
Que nos arranca a raiva e as sobras do sono e
Revela-nos o vulto astuto da morte,
Que nos devolve os ruídos e as raízes
De sermos nós, que nos resgata do ignoto
Relógio de quaisquer instantes e alerta-nos
Sobre a vida que se fora, que se quis,
Que já não vinga, o que nos conforta, por
Ter-nos num êxtase de existir, o agora.
O melhor tempo,
Este que nos lança além e mais e ainda,
Que nos consome, a sós, inclusos e cerca-nos
E prende-nos em seu cárcere de escombros
Íntimos, que nos interpreta e concebe-nos
Feito cópia, que nos vive, que nos poda,
Este que nos surpreende na chance última,
Que nos doma, que nos contrata e despede,
Este que nos desvencilha das ideias
E furta-nos a essência de um sentimento.
Não precisará haver mais outro tempo.
Não será o tempo T nem a ilusão
Das convenções sobre o amor ou sobre isso.
O tempo-tempo, o tempo-mor, outro tempo.
Tempo que nos faz sangrar pelas mulheres
De Auschwitz, pelas crianças sem vez ou voz.
Oito horas, e a noite despenca pétrea.
Oito horas, e não basta o que nos pesa.
Há muitos dragões raivosos em vigília
Lá fora, porque este é o melhor tempo.
O melhor tempo,
Este que nos causa ácido tormento,
Que nos arranca a raiva e as sobras do sono e
Revela-nos o vulto astuto da morte,
Que nos devolve os ruídos e as raízes
De sermos nós, que nos resgata do ignoto
Relógio de quaisquer instantes e alerta-nos
Sobre a vida que se fora, que se quis,
Que já não vinga, o que nos conforta, por
Ter-nos num êxtase de existir, o agora.
O melhor tempo,
Este que nos lança além e mais e ainda,
Que nos consome, a sós, inclusos e cerca-nos
E prende-nos em seu cárcere de escombros
Íntimos, que nos interpreta e concebe-nos
Feito cópia, que nos vive, que nos poda,
Este que nos surpreende na chance última,
Que nos doma, que nos contrata e despede,
Este que nos desvencilha das ideias
E furta-nos a essência de um sentimento.
Não precisará haver mais outro tempo.
Não será o tempo T nem a ilusão
Das convenções sobre o amor ou sobre isso.
O tempo-tempo, o tempo-mor, outro tempo.
Tempo que nos faz sangrar pelas mulheres
De Auschwitz, pelas crianças sem vez ou voz.
Oito horas, e a noite despenca pétrea.
Oito horas, e não basta o que nos pesa.
Há muitos dragões raivosos em vigília
Lá fora, porque este é o melhor tempo.
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Adriano Nunes: "Cagaço"
"Cagaço"
Inscrevo-me
No sonho,
Exponho-me,
Expulso-me
De tudo,
E mudo
De nome.
Avulso,
Refaço-me
feliz.
Num traço
Comum,
O amor
(O amor!)
Por um...
Um triz.
Inscrevo-me
No sonho,
Exponho-me,
Expulso-me
De tudo,
E mudo
De nome.
Avulso,
Refaço-me
feliz.
Num traço
Comum,
O amor
(O amor!)
Por um...
Um triz.
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quarta-feira, 25 de julho de 2012
Adriano Nunes: "De silício ou isso"
"De silício ou isso"
Enquanto procuro
Amores, amigos
Abraços, abrigos
Família, fortuna,
Fortuito futuro,
Pouco a ti garanto,
Mas algo é seguro:
Intacto o meu canto
De silício ou isso,
Sem um compromisso,
O destino duro
De teres-me tanto,
Assim, gasto, omisso,
Por, de mim, livrar-te,
Desse amor, com arte,
Em noite oportuna
Que nos rapte e una,
Enquanto me apuro.
Enquanto procuro
Amores, amigos
Abraços, abrigos
Família, fortuna,
Fortuito futuro,
Pouco a ti garanto,
Mas algo é seguro:
Intacto o meu canto
De silício ou isso,
Sem um compromisso,
O destino duro
De teres-me tanto,
Assim, gasto, omisso,
Por, de mim, livrar-te,
Desse amor, com arte,
Em noite oportuna
Que nos rapte e una,
Enquanto me apuro.
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Adriano Nunes: "A noite pulsátil"
"A noite pulsátil"
Solta, pouco a pouco,
A noite despenca
Do penhasco ignoto.
O néctar da treva,
Todas as estrelas
Elevam-se, estreiam,
Antilhas de brilho,
Belas, sobre o breu
Profundo, poema
As alas abrindo
Do infinito quântico
Da tela, do instante,
Pra a ululante lua.
Outrora o amarelo
Impregnava o álibi
Pretérito, imerso
Em alguns cromáticos
Ecos e desertos.
Agora, essas sombras
As sobras dos astros
São, tormento e estética.
Velha, pouco a pouco,
A noite de si
Suspende-se intacta,
Semáforos e
Sentidos e signos,
Agouros e gozos
E as algaravias...
Do negrume, salta,
Pulsátil, a noite.
Solta, pouco a pouco,
A noite despenca
Do penhasco ignoto.
O néctar da treva,
Todas as estrelas
Elevam-se, estreiam,
Antilhas de brilho,
Belas, sobre o breu
Profundo, poema
As alas abrindo
Do infinito quântico
Da tela, do instante,
Pra a ululante lua.
Outrora o amarelo
Impregnava o álibi
Pretérito, imerso
Em alguns cromáticos
Ecos e desertos.
Agora, essas sombras
As sobras dos astros
São, tormento e estética.
Velha, pouco a pouco,
A noite de si
Suspende-se intacta,
Semáforos e
Sentidos e signos,
Agouros e gozos
E as algaravias...
Do negrume, salta,
Pulsátil, a noite.
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terça-feira, 24 de julho de 2012
Adriano Nunes: "Código de barras"
"Código de barras"
Alguma coisa está sem DNA em meu cérebro.
Sonhos, saudades, sentidos, segredos.
Alguma coisa está sofrendo em meu cérebro.
Faltas, farpas, fomes, fúrias, fraquezas.
Alguma coisa pesa.
Alguma coisa incerta.
Alguma coisa às pressas.
Alguma coisa inquieta.
Alguma coisa plena.
Alguma coisa que interessa.
Alguma coisa mais que pedra.
O silêncio.
Alguma coisa está sem DNA em meu cérebro.
Sonhos, saudades, sentidos, segredos.
Alguma coisa está sofrendo em meu cérebro.
Faltas, farpas, fomes, fúrias, fraquezas.
Alguma coisa pesa.
Alguma coisa incerta.
Alguma coisa às pressas.
Alguma coisa inquieta.
Alguma coisa plena.
Alguma coisa que interessa.
Alguma coisa mais que pedra.
O silêncio.
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Adriano Nunes: "O pó do agora" - Para Marlos Barros
"o pó do agora" - Para Marlos Barros
Outrora, a aurora.
Outra hora chora
Por vir. Embora
Ponha o ser fora
das fúrias, ora,
pouco melhora.
sobras? afora,
o pó do agora,
o gozo gora.
vem de pandora a
dura demora,
dor, dolo e mora.
sonhos? outrora a-
fins rememora...
sombra e pletora
do que se adora.
Outrora, a aurora.
Outra hora chora
Por vir. Embora
Ponha o ser fora
das fúrias, ora,
pouco melhora.
sobras? afora,
o pó do agora,
o gozo gora.
vem de pandora a
dura demora,
dor, dolo e mora.
sonhos? outrora a-
fins rememora...
sombra e pletora
do que se adora.
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Adriano Nunes: "Manhã"
"Manhã"
Novamente amanheço.
Sol rasgando o horizonte
Dentro do coração,
E as nuvens a alargar
O infinito de um quântico
Começo, o dia em mim,
Alegria ululante,
Outro salto pra tudo,
O rapto do piscar
De um outro olhar, de um outro,
Um sussurro, um estrondo
Súbito, um grande susto,
O galo se abrigando
Em seu matinal canto,
A aréola da aurora
E as múltiplas miríades
De ruídos lá fora,
O Sumo de um instante,
Do que em mim se renova,
O pulsar indigesto
Dos prédios, postes, pontes,
Praças, pensões, prisões,
À prova, faróis frágeis,
Os elos das angústias.
Sobre a mesa, o café.
Memória a salivar,
- A libélula louca -
O lar, o cosmo tátil,
Cotidiano, o rito,
Risco de amanhecer.
Novamente amanheço.
Sol rasgando o horizonte
Dentro do coração,
E as nuvens a alargar
O infinito de um quântico
Começo, o dia em mim,
Alegria ululante,
Outro salto pra tudo,
O rapto do piscar
De um outro olhar, de um outro,
Um sussurro, um estrondo
Súbito, um grande susto,
O galo se abrigando
Em seu matinal canto,
A aréola da aurora
E as múltiplas miríades
De ruídos lá fora,
O Sumo de um instante,
Do que em mim se renova,
O pulsar indigesto
Dos prédios, postes, pontes,
Praças, pensões, prisões,
À prova, faróis frágeis,
Os elos das angústias.
Sobre a mesa, o café.
Memória a salivar,
- A libélula louca -
O lar, o cosmo tátil,
Cotidiano, o rito,
Risco de amanhecer.
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segunda-feira, 23 de julho de 2012
Adriano Nunes: "Os sonhos? Um"
"Os sonhos? Um"
Enquanto alguns
Perdem-se em outros,
Eu, caos e corpo,
Gozo ao ser teu.
Conto até três
E ao tempo torno.
Os sonhos? Um
Mar de vestígios,
Cosmo mais vítreo,
Áureo apogeu.
Enquanto alguns
Fincam-se em outros,
Eu, sons e códigos,
Opto por tudo
Teu, dessa vez.
E à vida volto.
Enquanto alguns
Perdem-se em outros,
Eu, caos e corpo,
Gozo ao ser teu.
Conto até três
E ao tempo torno.
Os sonhos? Um
Mar de vestígios,
Cosmo mais vítreo,
Áureo apogeu.
Enquanto alguns
Fincam-se em outros,
Eu, sons e códigos,
Opto por tudo
Teu, dessa vez.
E à vida volto.
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domingo, 22 de julho de 2012
Adriano Nunes: "Um outro instante e..."
"Um outro instante e..."
Um ponto a esmo:
Canto e apogeu.
Aos poucos, dado
A um lance seu.
Um porto e pronto.
Que aconteceu?
Um outro instante e...
Tudo acabado?
O mel do âmago,
O céu mais solto
- Estranho trâmite -
Para o amor máximo
A pulsar tempos,
Báratro e breu.
O acaso mágico:
O verso e eu.
Um ponto a esmo:
Canto e apogeu.
Aos poucos, dado
A um lance seu.
Um porto e pronto.
Que aconteceu?
Um outro instante e...
Tudo acabado?
O mel do âmago,
O céu mais solto
- Estranho trâmite -
Para o amor máximo
A pulsar tempos,
Báratro e breu.
O acaso mágico:
O verso e eu.
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quinta-feira, 19 de julho de 2012
Adriano Nunes: "Porque brindávamos a Baco, ao bel-prazer" - Para Carmen Silvia Presotto
"Porque brindávamos a Baco, ao bel-prazer" - Para Carmen Silvia Presotto
Encontrávamos nos arredores do ver-
So, entre vontades viáveis e arremedos...
Éramos o pó dos que o amor viram e dos
Que postergavam o porvir, todo o viver.
Eles fincavam-se outros, pensavam rever-
Ter o vestígio raro, contando nos dedos
As sobras dos tempos, dos ais, dos nós e dos
Ecos: Eram metâmeros a nos sorver,
Porque brindávamos a Baco, ao bel-prazer,
Brincávamos de Troia, num êxtase de
Existir... E o Eu perguntava: Que fazer
Dos escombros das sinapses, com essa sede
De sonho, de salto e céus, como desfazer
O mesmo cárcere, parede por parede?
Encontrávamos nos arredores do ver-
So, entre vontades viáveis e arremedos...
Éramos o pó dos que o amor viram e dos
Que postergavam o porvir, todo o viver.
Eles fincavam-se outros, pensavam rever-
Ter o vestígio raro, contando nos dedos
As sobras dos tempos, dos ais, dos nós e dos
Ecos: Eram metâmeros a nos sorver,
Porque brindávamos a Baco, ao bel-prazer,
Brincávamos de Troia, num êxtase de
Existir... E o Eu perguntava: Que fazer
Dos escombros das sinapses, com essa sede
De sonho, de salto e céus, como desfazer
O mesmo cárcere, parede por parede?
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quarta-feira, 18 de julho de 2012
Adriano Nunes: "Força centrípeta"
"Força centrípeta"
ando descobrindo o
êxtase de existir,
desafiando o
infinito,
abrigando em meu âmago
algo indestrutível,
esse liame
de liberdade,
esse gozo explícito
de amar-te
com todas as sinapses,
com todas as sístoles e diástoles,
co' o corpo e a alma,
com silêncios de silício e
palavras.
ando descobrindo o
êxtase de existir,
desafiando o
infinito,
abrigando em meu âmago
algo indestrutível,
esse liame
de liberdade,
esse gozo explícito
de amar-te
com todas as sinapses,
com todas as sístoles e diástoles,
co' o corpo e a alma,
com silêncios de silício e
palavras.
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terça-feira, 17 de julho de 2012
Adriano Nunes: "Portento"
"Portento"
Noite insólita aquela.
A palavra arriscada,
Outra propícia ponte
Pra tudo e para nada.
Sob intacto horizonte,
A alegria mais bela,
O inesperado encontro:
O diâmetro mor
Entre a trêmula carne
Do lápis e o que vale
Por cantar-te, portento,
Ó Poesia, adentro.
Pra os assaltos do amor,
Eu não estava pronto,
Ignorava a armadura
Do instante, do prazer,
Até me desfazer
Por ti, Musa perjura!
Noite insólita aquela.
A palavra arriscada,
Outra propícia ponte
Pra tudo e para nada.
Sob intacto horizonte,
A alegria mais bela,
O inesperado encontro:
O diâmetro mor
Entre a trêmula carne
Do lápis e o que vale
Por cantar-te, portento,
Ó Poesia, adentro.
Pra os assaltos do amor,
Eu não estava pronto,
Ignorava a armadura
Do instante, do prazer,
Até me desfazer
Por ti, Musa perjura!
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segunda-feira, 16 de julho de 2012
Adriano Nunes: "Catarse"
"Catarse"
Bálsamo preciso é o olvido,
Não duvido.
O amor nunca deixou vestígio,
Que prodígio!
Impregna-se o presente disto,
De imprevisto.
Báratro é olho, boca, ouvido,
Sê contido!
Esse silêncio é sibilino,
Tato e tino.
Empresta-se à vida o infinito,
Circunscrito.
Magno mito
É mesmo o amor, pronto: está dito.
Bálsamo preciso é o olvido,
Não duvido.
O amor nunca deixou vestígio,
Que prodígio!
Impregna-se o presente disto,
De imprevisto.
Báratro é olho, boca, ouvido,
Sê contido!
Esse silêncio é sibilino,
Tato e tino.
Empresta-se à vida o infinito,
Circunscrito.
Magno mito
É mesmo o amor, pronto: está dito.
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sexta-feira, 13 de julho de 2012
Adriano Nunes: "Queira"
"Queira"
Quer o amor? Queira-o
E busque-o, basta
Dessa besteira,
Vasta é a vida,
Mas ela passa,
A eternidade
Passa, perpassa,
Ame, então, ame
O amor, o amor.
Lance-se ao laço
Desse embaraço,
Aos tais liames
Da plenitude,
Molde-se, mude,
Com atitude,
À vez atire-se,
Todo o amor queira,
Não fique aí,
Só, de bobeira,
O amor jamais
Esperará
Pelo seu cérebro,
Ele não é
Da esfera fácil
Da ocasião,
Confisque-o, agora,
Chegara o tempo,
Tempo de amar,
Mas não se esqueça
De que somente
O amor se encontra
Noutro -no outro! -
Mor patamar.
Quer o amor? Queira-o
E busque-o, basta
Dessa besteira,
Vasta é a vida,
Mas ela passa,
A eternidade
Passa, perpassa,
Ame, então, ame
O amor, o amor.
Lance-se ao laço
Desse embaraço,
Aos tais liames
Da plenitude,
Molde-se, mude,
Com atitude,
À vez atire-se,
Todo o amor queira,
Não fique aí,
Só, de bobeira,
O amor jamais
Esperará
Pelo seu cérebro,
Ele não é
Da esfera fácil
Da ocasião,
Confisque-o, agora,
Chegara o tempo,
Tempo de amar,
Mas não se esqueça
De que somente
O amor se encontra
Noutro -no outro! -
Mor patamar.
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quinta-feira, 12 de julho de 2012
Adriano Nunes: "Pancada por pancada"
"Pancada por pancada"
Pancada por pancada,
O meu coração me desacata.
Que tanto brada?
Que tanto clama?
Em seu ritmo-de-tudo-ou-nada
De amor se embriaga.
Pancada por pancada,
O meu coração
Dessa gaiola torácica
Agora se solta e (Mais
que mágica!)
Pra infinda felicidade salta!
Pancada por pancada,
O meu coração me desacata.
Que tanto brada?
Que tanto clama?
Em seu ritmo-de-tudo-ou-nada
De amor se embriaga.
Pancada por pancada,
O meu coração
Dessa gaiola torácica
Agora se solta e (Mais
que mágica!)
Pra infinda felicidade salta!
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quinta-feira, 5 de julho de 2012
Adriano Nunes: "mercantilismo"
"mercantilismo"
eu me consumo
sonho
sangro
sinto
surto
um dia
devolvo-me ao mundo
corpo
alma
sombra
sumo
eu me consumo
sonho
sangro
sinto
surto
um dia
devolvo-me ao mundo
corpo
alma
sombra
sumo
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Adriano Nunes: "Ao entendimento"
"Ao entendimento"
Quântico, todo,
Enquanto o canto.
De quando em quando,
Impulso, espanto.
Sonhado Norte,
Sentido máximo.
Pronto pra tudo,
Mutável, múltiplo.
Produto íntimo,
Puro, portento,
Camaleão
Ao entendimento.
Que não se pode
Supor do amor?
Quântico, todo,
Enquanto o canto.
De quando em quando,
Impulso, espanto.
Sonhado Norte,
Sentido máximo.
Pronto pra tudo,
Mutável, múltiplo.
Produto íntimo,
Puro, portento,
Camaleão
Ao entendimento.
Que não se pode
Supor do amor?
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Adriano Nunes: "luzia" - Para Péricles Cavalcanti
"luzia" - Para Péricles Cavalcanti
luzia orgânica menina
fóssil lá de minas ferida
mineral fêmea inerte fina
gravada em eras pétrea vida
luzia artefato fascina
remodelada carcomida
de brado bruma brisa brida
lacrada em silêncios divina
luzia reluz conhecida
frágil fixa em sua rotina
de silício e mistério mina
do pretérito referida.
luzia orgânica menina
fóssil lá de minas ferida
mineral fêmea inerte fina
gravada em eras pétrea vida
luzia artefato fascina
remodelada carcomida
de brado bruma brisa brida
lacrada em silêncios divina
luzia reluz conhecida
frágil fixa em sua rotina
de silício e mistério mina
do pretérito referida.
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Adriano Nunes: "A tua pronúncia abrupta"
"A tua pronúncia abrupta"
Às vezes, abrigo-me no íntimo de
Alguma palavra conhecida e
Afago-a
Como se não me restasse
Mais nada, como se fosse
Preciso dizê-la em mim,
Como o teu nome,
Uma rua despida de memória e vista,
Outro sináptico mar,
Aquela cidade inteira,
Quaisquer vestígios
De intensas vontades ou mais...
Porque atua sobre o meu coração
O infinito de tudo
Que eu não sei, de tudo
Que pesa,
De certos sóis e
Horizontes deliciosamente palpáveis,
Porque é a próxima curva,
O mais desperto itinerário,
A mais leve loucura,
O mais humano calor,
Um liame alicerçado de sentidos pulsáteis,
De matizes de lúcida existência,
O melhor mistério...
Porque te escondes no cerne
De instantânea felicidade e finca-se
Em minha vida
A tua pronúncia abrupta: amor.
Às vezes, abrigo-me no íntimo de
Alguma palavra conhecida e
Afago-a
Como se não me restasse
Mais nada, como se fosse
Preciso dizê-la em mim,
Como o teu nome,
Uma rua despida de memória e vista,
Outro sináptico mar,
Aquela cidade inteira,
Quaisquer vestígios
De intensas vontades ou mais...
Porque atua sobre o meu coração
O infinito de tudo
Que eu não sei, de tudo
Que pesa,
De certos sóis e
Horizontes deliciosamente palpáveis,
Porque é a próxima curva,
O mais desperto itinerário,
A mais leve loucura,
O mais humano calor,
Um liame alicerçado de sentidos pulsáteis,
De matizes de lúcida existência,
O melhor mistério...
Porque te escondes no cerne
De instantânea felicidade e finca-se
Em minha vida
A tua pronúncia abrupta: amor.
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domingo, 1 de julho de 2012
Adriano Nunes: "Pensamento após"
"Pensamento após"
Pensamento após
Tanto pensamento,
Pensamento sobre
Todo pensamento.
Pensamento... (Nós,
A sós) logo invento o
Liame que o envolve,
Ante o instante nobre.
Peso o pensamento
E sinto-o portento.
Pensamento após
Tanto pensamento,
Pensamento sobre
Todo pensamento.
Pensamento... (Nós,
A sós) logo invento o
Liame que o envolve,
Ante o instante nobre.
Peso o pensamento
E sinto-o portento.
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Adriano Nunes: "saudade" - Para Antonio Cicero
"saudade" - Para Antonio Cicero
outro sonho
outra soma
outro sumo
outro susto
outro átimo
outra alma
outro arco
outro ânimo
outro uivo
outra urbe
outro uso
outro útero
outro dado
outra data
outro dom
outro dígito
outro ângulo
outra ânsia
outro árbitro
outro ai
outro dolo
outra dor
outro dístico
outro drama
outro êxtase
outra ética
outro eixo
outro eu
outro sonho
outra soma
outro sumo
outro susto
outro átimo
outra alma
outro arco
outro ânimo
outro uivo
outra urbe
outro uso
outro útero
outro dado
outra data
outro dom
outro dígito
outro ângulo
outra ânsia
outro árbitro
outro ai
outro dolo
outra dor
outro dístico
outro drama
outro êxtase
outra ética
outro eixo
outro eu
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ADRIANO NUNES,
POEMA
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