sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Adriano Nunes: "O quanto"

"O quanto"


Aviso-te, 
Olvido:
O mote
De Eros
Não era
Um risco

Ao íntimo,
Não era
O início
De um gozo
Amorfo,
Do mofo

De nós,
Tampouco
O ouro
De nós,
O outro
De nós,

Pois éramos
Umbigo
E corpo,
E mais
Que o mito.
O escrito.

E entre 
A dor
E o que 
Ainda 
Só sou,
Emerge

De mim
O sonho
Infindo.
Segui
O passo
No ritmo

Da lira.
A tudo
Meu ser
Fincou-se.
E, súbito,
Senti

Estranha
Saudade,
Qual perda
Na entranha
Do intento,
A foice,

A lei
Da carne
Do tempo.
E olhei
Pra trás.
Pensei:

'Que Hades
Dissera
A mim,
Que importa?
Escuto
Passadas...

Eurídice
Está
Em volta!'
E quando a
Revi,
Bem antes 

De atá-la
À perda
Eterna,
Que ela,
Eurídice,
Tão bela,

Num lance,
Sumisse,
Não pude
Dizer-lhe
O quanto,
Num canto,

Amava-a.
Fumaça
E vácuo
E báratros
E breu.
Agora

A lira
Implora-me:
'Pra frente,
Pra frente,
Orfeu,
Só olha!'









Um comentário:

Anônimo disse...

Ai! Afiado com beleza e dor...

Beijo.