sábado, 18 de abril de 2009

Adriano Nunes: "Infância"


"Infância" 


Alto voou, ligeiro,

Passando pelos quartos,
Vindo da escuridão
Doutra noite, cansado,
Um alegre morcego.

Bem veloz, foi, sozinho,

Meio sem jeito, tonto,
Tombando, tropeçando
Em tudo, pelo teto,
Varrendo toda a casa.

Causou-me medo, o voo

Convulso, imprevisível,
Desse aéreo mamífero,
Desse vampirozinho. 
Minha vida o assustou.

Sem saber que caminho

Seguir, sempre apressado,
Fez do céu seu teatro,
Provocou gritos, risos,
Alvoroço, presságios.

Depois, pela memória,

Fugiu, sem vestígio
Deixar... Apenas versos
Do sonho de podê-lo
Ver, agora, voltar.

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