"Engano"
Talvez, por estranhar demais meu ser,
A tudo me entrego, para só ser:
À saudade
Dos acordes daquele amor que já não arde,
Aos meus versos
Guardados, às pressas, em lugares diversos,
Às mentiras
Que me engendraram entre liames e liras,
Às loucuras
Que me abrigaram nas horas densas e duras,
Aos meus medos
Que me protegeram de tantos arremedos,
Aos desejos
Que sempre vão e vêm em vorazes cortejos,
Ao vazio.
Depois, a minha vida se desdobra,
Aproveitando dos sonhos a sobra.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Adriano Nunes: "Cotidiano"
"Cotidiano"
Varrem o céu matutinos vértices
Da aurora. Não há nenhum vestígio
De deuses na manhã: são só restos
Das áureas metáforas da vida,
A fotossíntese do caos íntimo,
Das fábricas de fugas e tédios,
Do transe torpe, do enigma pétreo,
Ruídos, regras, ringues e riscos.
Varrem o céu matutinos vértices
Da aurora. Não há nenhum vestígio
De deuses na manhã: são só restos
Das áureas metáforas da vida,
A fotossíntese do caos íntimo,
Das fábricas de fugas e tédios,
Do transe torpe, do enigma pétreo,
Ruídos, regras, ringues e riscos.
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sábado, 18 de abril de 2009
Adriano Nunes: "Infância"
"Infância"
Alto voou, ligeiro,
Passando pelos quartos,
Vindo da escuridão
Doutra noite, cansado,
Um alegre morcego.
Bem veloz, foi, sozinho,
Meio sem jeito, tonto,
Tombando, tropeçando
Em tudo, pelo teto,
Varrendo toda a casa.
Causou-me medo, o voo
Convulso, imprevisível,
Desse aéreo mamífero,
Desse vampirozinho.
Minha vida o assustou.
Sem saber que caminho
Seguir, sempre apressado,
Fez do céu seu teatro,
Provocou gritos, risos,
Alvoroço, presságios.
Depois, pela memória,
Fugiu, sem vestígio
Deixar... Apenas versos
Do sonho de podê-lo
Ver, agora, voltar.
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domingo, 12 de abril de 2009
Adriano Nunes: "Perpetuum mobile"
"Perpetuum mobile"
Por que dizem que o coração
Pensa, pena, prosa, se apenas
Pulsa, e, assim está, de antemão,
Pronto pra as pontes de safenas?
Não adianta a percussão
Involuntária se pequenas
As chances de perdurar são,
Nem novenas e cantilenas
Valerão. No peito estão presas
As regras rudes das surpresas...
Como em todo lhano lugar,
O amor que dá pra amalgamar,
Deve-se colher, pra calhar
De vez, e, tê-lo, feito defesas.
Por que dizem que o coração
Pensa, pena, prosa, se apenas
Pulsa, e, assim está, de antemão,
Pronto pra as pontes de safenas?
Não adianta a percussão
Involuntária se pequenas
As chances de perdurar são,
Nem novenas e cantilenas
Valerão. No peito estão presas
As regras rudes das surpresas...
Como em todo lhano lugar,
O amor que dá pra amalgamar,
Deve-se colher, pra calhar
De vez, e, tê-lo, feito defesas.
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sábado, 11 de abril de 2009
Adriano Nunes: "ECG"
"ECG"
Meu coração onda p
Da vida alheio complexo q ue ri s ca
E não se aceita e não se acerta em
Cada batida.
Segmenta-se em
Onda ante onda a t é
Ser taquipoesia
Dia após dia.
Extra-sistolerada
A descontração capta-me e
Finge que para de bater, mas não
Finda com isso.
Meu coração onda p
Da vida alheio complexo q ue ri s ca
E não se aceita e não se acerta em
Cada batida.
Segmenta-se em
Onda ante onda a t é
Ser taquipoesia
Dia após dia.
Extra-sistolerada
A descontração capta-me e
Finge que para de bater, mas não
Finda com isso.
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quarta-feira, 8 de abril de 2009
Adriano Nunes: "Formação reticular" - Para José Mariano Filho
"Formação reticular" - Para José Mariano Filho
Sou
Só
Metáfora
De mim.
E por ser
Assim, sofro,
Tal como alguns,
Aos poucos, fundo
A sangrar, sem fim.
É que tantos, outros,
Sou, a cada segundo,
Em cada verso feito.
Depois, abrigo no peito
Grácil graça, o grã prazer
De o inesperado acontecer.
Sou
Só
Metáfora
De mim.
E por ser
Assim, sofro,
Tal como alguns,
Aos poucos, fundo
A sangrar, sem fim.
É que tantos, outros,
Sou, a cada segundo,
Em cada verso feito.
Depois, abrigo no peito
Grácil graça, o grã prazer
De o inesperado acontecer.
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Adriano Nunes: "Sem explicação" - Para Fernando Pessoa
"Sem explicação" - Para Fernando Pessoa
Venero-te, verso.
Como poderia,
Sem essa alegria,
Viver, se disperso,
Em teu labirinto,
Encontro-me todo,
Se vejo teu modo
Em tudo que sinto?
De ti corro atrás,
Em mim te procuro...
E sou-te, aliás.
Ó tesouro puro,
És a Esfinge, estás
Onde me inauguro!
Venero-te, verso.
Como poderia,
Sem essa alegria,
Viver, se disperso,
Em teu labirinto,
Encontro-me todo,
Se vejo teu modo
Em tudo que sinto?
De ti corro atrás,
Em mim te procuro...
E sou-te, aliás.
Ó tesouro puro,
És a Esfinge, estás
Onde me inauguro!
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quinta-feira, 2 de abril de 2009
Adriano Nunes: "A mando do meu coração"
"A mando do meu coração"
Eu estou-te amando
A mando
Do meu coração.
Eu não
Sabia que, quando
O amor
Surgia, a alegria
Só vinha
Pela contramão,
Quase atropelando
A lida.
Talvez seja a minha
Voz cúmplice
De tudo, do tanto
Do amor,
Magna Poesia,
Que dando
A ti bem estou.
Eu estou-te amando
A mando
Do meu coração.
Eu não
Sabia que, quando
O amor
Surgia, a alegria
Só vinha
Pela contramão,
Quase atropelando
A lida.
Talvez seja a minha
Voz cúmplice
De tudo, do tanto
Do amor,
Magna Poesia,
Que dando
A ti bem estou.
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