"Porto de pedras"
Do sobrado descrevo o coração
Que pulsa na cidade, o céu, os mares,
Os vértices de mármore, os pilares
Dos vastos devaneios da visão.
O meu ser se congela na emoção
E pra sempre se prende à poesia
Da paisagem. Em mim, o sol viria
Vertigem de linguagem e canção,
Sobretudo se se amalgama a ossada
Do limite das praias, do desvio
Da voz, no infinito que livre brada.
Cais, postes, praças, casas elogio,
Porém falta a palavra pra ser dada
À miragem de pedra, ante o estio.
terça-feira, 24 de março de 2009
quinta-feira, 5 de março de 2009
Adriano Nunes: "Da poeira" (Um elogio à poeira dos sebos) - Para José Mariano Filho
"Da poeira" (Um elogio à poeira dos sebos) - Para José Mariano Filho
À procura das pérolas perdidas,
Entre poeira, ácaros, acaso,
As minhas esperanças extravaso,
Prateleiras percorro, sem saídas.
Vejo os autores, títulos, assuntos,
Perco-me nesses sítios literários,
Meu coração dispara: breviários,
Dicionários, Bíblias, mundos juntos,
Poemas, textos raros, tanta prosa,
Outro tempo sem volta revirado,
Babel de aprendizado prazerosa,
Em busca de propósito, passado,
Presente, esse porvir, vã nebulosa
De palavras, de brado inesperado.
À procura das pérolas perdidas,
Entre poeira, ácaros, acaso,
As minhas esperanças extravaso,
Prateleiras percorro, sem saídas.
Vejo os autores, títulos, assuntos,
Perco-me nesses sítios literários,
Meu coração dispara: breviários,
Dicionários, Bíblias, mundos juntos,
Poemas, textos raros, tanta prosa,
Outro tempo sem volta revirado,
Babel de aprendizado prazerosa,
Em busca de propósito, passado,
Presente, esse porvir, vã nebulosa
De palavras, de brado inesperado.
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ADRIANO NUNES,
POEMA
domingo, 1 de março de 2009
Adriano Nunes: "Das pedras"
Das pedras
Desprende-se das pedras meu silêncio,
Um silêncio-cimento, construído,
Ecoado, silêncio dos abismos,
Das grutas, das laringes de silício,
Dióxidos de oxímoros, dos gritos,
Das lágrimas, dos lápis, os silêncios-
-Grafites, das ruínas, dos escritos,
Os silêncios perdidos no que penso.
Dentro de todo livro, concebidos
Em horas de tristezas, os silêncios
Concretos, precipícios de sentidos
Dos prédios e prisões, dos meus amigos,
Do que agora me abriga: não me lembro
De ter ouvido a voz do que persigo.
Desprende-se das pedras meu silêncio,
Um silêncio-cimento, construído,
Ecoado, silêncio dos abismos,
Das grutas, das laringes de silício,
Dióxidos de oxímoros, dos gritos,
Das lágrimas, dos lápis, os silêncios-
-Grafites, das ruínas, dos escritos,
Os silêncios perdidos no que penso.
Dentro de todo livro, concebidos
Em horas de tristezas, os silêncios
Concretos, precipícios de sentidos
Dos prédios e prisões, dos meus amigos,
Do que agora me abriga: não me lembro
De ter ouvido a voz do que persigo.
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