segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Pablo Neruda: "Soneto XXV" (tradução de Adriano Nunes)

"Soneto XXV" (tradução de Adriano Nunes)


Antes de amar-te, amor, nada era meu:
Vacilei pelas ruas e pelas coisas:
Nada contava e sequer tinha nome: 
O que há era do ar que esperava.
Eu conheci salões de tons cinzentos,
Os túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam sobre a areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tuas beleza e pobreza
De dádivas impregnaram o outono.


Pablo Neruda: "SONETO XXV"


Antes de amarte, amor, nada era mío:
vacilé por las calles y las cosas:
nada contaba ni tenía nombre:
el mundo era del aire que esperaba.
Yo conocí salones cenicientos,
túneles habitados por la luna,
hangares crueles que se despedían,
preguntas que insistían en la arena.
Todo estaba vacío, muerto y mudo,
caído, abandonado y decaído,
todo era inalienablemente ajeno,
todo era de los otros y de nadie,
hasta que tu belleza y tu pobreza
llenaron el otoño de regalos.

NERUDA, Pablo. Antología General. Lima: Real Academia Española, 2010, p. 344.

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