"Amarras" - Para Adriana Calcanhotto
O mar
Preso à retina...
Arena secreta:
Sereias,
Sérias sibilas,
Safos,
Saturnos,
Calor,
Colares
Castelos
De areia,
Amarras
Do amar,
Maré altíssima,
Faróis, mil sóis,
Íris elétricas,
O coração,
Contrastes,
Corais,
Finais
De tardes
A mais.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Adriano Nunes: "Por uma e outra fresta" - Para Paulo Sabino
"Por uma e outra fresta" - Para Paulo Sabino
Às seis horas,
O galo digital
Anuncia,
Com mecânica alegria,
A aurora.
É a hora!
É a hora!
Acordo. Acordas. Acordam
Todos os meus sonhos...
Rasga-se o dia lá fora.
À socapa,
A claridade penetra
Por uma e outra fresta
Da porta.
E agora?
Devoro a alvorada
Através
De flexível flerte e
A vida segue
Intacta.
É a hora!
Grita o galo
À pilha enquanto o sol trilha
O seu trajeto
Na calota.
Às seis horas,
O galo digital
Anuncia,
Com mecânica alegria,
A aurora.
É a hora!
É a hora!
Acordo. Acordas. Acordam
Todos os meus sonhos...
Rasga-se o dia lá fora.
À socapa,
A claridade penetra
Por uma e outra fresta
Da porta.
E agora?
Devoro a alvorada
Através
De flexível flerte e
A vida segue
Intacta.
É a hora!
Grita o galo
À pilha enquanto o sol trilha
O seu trajeto
Na calota.
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Adriano Nunes: "Instante" - Para José Mariano Filho
"Instante" - Para José Mariano Filho
Hoje
O dia que pode
Ser
Hoje
O dia que ousa
Ser
Hoje
O dia que pousa
Hoje
O dia que pode
Ser
Hoje
O dia que ousa
Ser
Hoje
O dia que pousa
Átimo
Álacre
No cerne do acaso
Hoje
O dia que deve
Ser
Hoje
Um dia à toa:
Ter
Hoje
O dia que voa,
Hoje
O dia que deve
Ser
Hoje
Um dia à toa:
Ter
Hoje
O dia que voa,
Pênsil
Pêndulo
Nas asas de Pégaso.
Adriano Nunes
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quarta-feira, 25 de maio de 2011
Adriano Nunes: "Das aparências"
"Das aparências"
Não, não é assim
Que a banda toca
Que o sino dobra
Que o corpo mofa
( A vida é nova!)
Que a conta é paga
Que a corda basta
Que o sonho agrada
(A vida é dada!)
Que a verve vibra
Que o corpo instiga
Que o verso vinga
(A vida é linda!)
Que a paixão cega
Que a ilusão serve
Que a culpa cessa
(A vida é breve!)
Que a mente surta
Que a valsa muda
Que o engano é mútuo
(A vida é tudo!)
Não, não é o fim
Não, não é assim
Que a banda toca
Que o sino dobra
Que o corpo mofa
( A vida é nova!)
Que a conta é paga
Que a corda basta
Que o sonho agrada
(A vida é dada!)
Que a verve vibra
Que o corpo instiga
Que o verso vinga
(A vida é linda!)
Que a paixão cega
Que a ilusão serve
Que a culpa cessa
(A vida é breve!)
Que a mente surta
Que a valsa muda
Que o engano é mútuo
(A vida é tudo!)
Não, não é o fim
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Adriano Nunes: "Apenas" - Para Antônio Carlos Secchin
"Apenas" - Para Antonio Carlos Secchin
Pensando o
Poema... In-
Vencível
Viagem:
Bagunço a
Bagagem,
Palavra a
Palavra. A
Reformas,
Reagem
Fins e
Finais
De tardes.
De tudo
Apenas
A parte
Raríssima à
Razão
Resiste...
Rabisco a
Linguagem,
Liberto-me
Do sonho
De ser
Memória e...
Exponho-me:
Catarse?
Catástrofe?
A casca e
A carne.
Pensando o
Poema... In-
Vencível
Viagem:
Bagunço a
Bagagem,
Palavra a
Palavra. A
Reformas,
Reagem
Fins e
Finais
De tardes.
De tudo
Apenas
A parte
Raríssima à
Razão
Resiste...
Rabisco a
Linguagem,
Liberto-me
Do sonho
De ser
Memória e...
Exponho-me:
Catarse?
Catástrofe?
A casca e
A carne.
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terça-feira, 24 de maio de 2011
Adriano Nunes: "O poema" - Para Nydia Bonetti.
"O poema" - Para Nydia Bonetti
Traço a traço, o retrato
Gráfico do edifício
Vai surgindo. Do ofício,
Outro cálculo exato
Dos limites, dos lados,
Arquiteta o infinito.
- Todo o verso é subscrito,
Seus vãos articulados -
Do corredor ao quarto
Antigo, que artifício
Desse interstício é farto
De sumo? Sub-reptício,
Alarga-se o lagarto
De sonhos de silício.
Traço a traço, o retrato
Gráfico do edifício
Vai surgindo. Do ofício,
Outro cálculo exato
Dos limites, dos lados,
Arquiteta o infinito.
- Todo o verso é subscrito,
Seus vãos articulados -
Do corredor ao quarto
Antigo, que artifício
Desse interstício é farto
De sumo? Sub-reptício,
Alarga-se o lagarto
De sonhos de silício.
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Adriano Nunes: "Fios, tensões, imagens planas"
"Fios, tensões, imagens planas"
Entre movimentos, um
Verso repousa na mente.
Como vertê-lo, imponente,
Desse intervalo incomum?
Estranha força de atrito
Estagna a pena... roldanas,
Fios, tensões, imagens planas,
Regras... Que mundo infinito!
Em queda livre, o desejo
Mergulha em tudo que vejo:
Fórmulas, gráficos, breus...
Os erros eram os meus
Medos - apegos plebeus
À vida - ao que mais almejo.
Entre movimentos, um
Verso repousa na mente.
Como vertê-lo, imponente,
Desse intervalo incomum?
Estranha força de atrito
Estagna a pena... roldanas,
Fios, tensões, imagens planas,
Regras... Que mundo infinito!
Em queda livre, o desejo
Mergulha em tudo que vejo:
Fórmulas, gráficos, breus...
Os erros eram os meus
Medos - apegos plebeus
À vida - ao que mais almejo.
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sexta-feira, 20 de maio de 2011
Adriano Nunes: "Vernáculo" - Para Adriana Calcanhotto
"Vernáculo" - Para Adriana Calcanhotto
Escondido em minha mente,
Sem memória não quer sair...
E busco freneticamente A RIMA
Numa luta logo acima de toda razão.
Tão minha, a imagem precisa oculta-se.
Desesperado,
Vou ao fundo do vernáculo,
Perdendo-me ao acaso
Como o ocaso se perde
Em minha visão.
Quando pareço desistir
Da palavra certa,
Que a incerteza ME DIZ SER esta,
Fico lembrando-me de passar a mão à testa, e
Na dificuldade de achá-lo,
Ó vocábulo astuto e hostil,
Perco-o, em minha pressa,
E tudo parece que cessa.
Ai, quem me dera
Pôr a vida A CURTO FIO
E com UMA NAVALHA
Nas gretas do coração
Arrancar-lhe a esperança
De fazer um verso,
Somente um verso.
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quinta-feira, 19 de maio de 2011
Adriano Nunes: "Alegria" - Para a minha mãe (por seu aniversário)
"Alegria" - Para minha mãe (por seu aniversário)
Às vezes, a alegria
Vem excelsa, porém,
Depois de certo tempo,
Volta e dá voltas e
Voltas e voltas e
Voltas e volta e agita-se
No âmago da vida,
Abre portas infindas
E brilha, como agora.
Às vezes, a alegria
Fugitiva me assalta
E, por estranha trilha,
Logo escapa, à socapa.
Às vezes, a alegria
Vem excelsa, porém,
Depois de certo tempo,
Volta e dá voltas e
Voltas e voltas e
Voltas e volta e agita-se
No âmago da vida,
Abre portas infindas
E brilha, como agora.
Às vezes, a alegria
Fugitiva me assalta
E, por estranha trilha,
Logo escapa, à socapa.
Depois ressurge, súbita,
E muito me conforta,
Com sua força insólita.
E sai por aí, lírica,
E em promessas se finca.
Agora deve estar
Em algum grácil lar...
Ou perdida lá fora.
Mas... onde ela mora?
E muito me conforta,
Com sua força insólita.
E sai por aí, lírica,
E em promessas se finca.
Agora deve estar
Em algum grácil lar...
Ou perdida lá fora.
Mas... onde ela mora?
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Adriano Nunes: "planícies"
"planícies"
o vazio dele
o vazio dela
o vácuo do umbigo do tempo
a pele
a pílula
o efeito fatal do sono
o sonho o sonho o sonho...
até quando?
o vagão partindo
a simetria sincera do trilho
a ilusão me deglutindo
depois, nem isso.
o poço profundo
outro mundo
outro escuro
outro escudo
a mesma máscara mesclada
à vida que tarda
outra diáspora
o trauma
o nervo óptico
a névoa
a mágica moldando a alma
depois, nada.
o vazio dele
o vazio dela
o vácuo do umbigo do tempo
a pele
a pílula
o efeito fatal do sono
o sonho o sonho o sonho...
até quando?
o vagão partindo
a simetria sincera do trilho
a ilusão me deglutindo
depois, nem isso.
o poço profundo
outro mundo
outro escuro
outro escudo
a mesma máscara mesclada
à vida que tarda
outra diáspora
o trauma
o nervo óptico
a névoa
a mágica moldando a alma
depois, nada.
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quarta-feira, 18 de maio de 2011
Adriano Nunes: "pássaro" - Para Paulo Sabino.
"pássaro" - Para Paulo Sabino
ao pássaro
o passo
rosas
asas
adentro-o
raspas
aspas
o ar
no centro
do sentimento
o céu
ao pássaro
o passo
rosas
asas
adentro-o
raspas
aspas
o ar
no centro
do sentimento
o céu
habitar.
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domingo, 15 de maio de 2011
Adriano Nunes: "Pouco a pouco, o impasse" - Para Antonio Cicero
"Pouco a pouco, o impasse" - Para Antonio Cicero
Peça a peça, monta-se
O quebra-cabeça.
Pouco a pouco, o impasse
Do projeto, esqueça.
Passo a passo, a base
Do poema nasce
Das sinapses, quase
Sem forma, sem face.
Envolta de breu,
Do que se perdeu,
A intenção de ver
Vir à tona o ver-
So... Depois? Viver
O que aconteceu.
Peça a peça, monta-se
O quebra-cabeça.
Pouco a pouco, o impasse
Do projeto, esqueça.
Passo a passo, a base
Do poema nasce
Das sinapses, quase
Sem forma, sem face.
Envolta de breu,
Do que se perdeu,
A intenção de ver
Vir à tona o ver-
So... Depois? Viver
O que aconteceu.
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sexta-feira, 13 de maio de 2011
Adriano Nunes: "O artesão" - Para Antônio Francisco Lisboa
"O artesão" - Para Antônio Francisco Lisboa
Agora
Agir
As mãos
À prova
Argila
Girando
Girando
Gerando
As veias
As vísceras
As vias
A vida
Argolas
Auréolas
Auroras
O ato
O mundo
Afaga
E muda
E molda
A mola
O mármore
A árvore
A fonte
O membro
Disforme
A manobra
A água
O barro
O báratro
Do olhar
O homem
Estátuas
Estéticas
Estímulos
O tempo
Desdobra-se
O invento
Os santos
Gerais
As minas
Do âmago
A obra
Agora
Agir
As mãos
À prova
Argila
Girando
Girando
Gerando
As veias
As vísceras
As vias
A vida
Argolas
Auréolas
Auroras
O ato
O mundo
Afaga
E muda
E molda
A mola
O mármore
A árvore
A fonte
O membro
Disforme
A manobra
A água
O barro
O báratro
Do olhar
O homem
Estátuas
Estéticas
Estímulos
O tempo
Desdobra-se
O invento
Os santos
Gerais
As minas
Do âmago
A obra
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sábado, 7 de maio de 2011
Adriano Nunes: "Acerto de contas"
"Acerto de contas"
Eu sequer se
Lembra de quando
Fez o primeiro
Verso pra mim.
Mas sei que não
Foi como este
Aqui, um tanto
Arquitetado.
Com incertezas,
Devia ter
Muito vibrado:
As pobres rimas
Por todo lado,
Metro sem ritmo
Marcado - e anáforas
Sobre o convívio
Do lar alargam-se
Além da vida
Ré, repetida,
Dia após dia.
Que a levar tinha?
Lavava a alma
Com alguns poucos
Signos. Só isso.
Agora os guardo
Mais na memória.
Meus cinco anos
Foram embora.
Eu sequer se
Lembra de quando
Fez o primeiro
Verso pra mim.
Mas sei que não
Foi como este
Aqui, um tanto
Arquitetado.
Com incertezas,
Devia ter
Muito vibrado:
As pobres rimas
Por todo lado,
Metro sem ritmo
Marcado - e anáforas
Sobre o convívio
Do lar alargam-se
Além da vida
Ré, repetida,
Dia após dia.
Que a levar tinha?
Lavava a alma
Com alguns poucos
Signos. Só isso.
Agora os guardo
Mais na memória.
Meus cinco anos
Foram embora.
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quinta-feira, 5 de maio de 2011
Adriano Nunes: "Antiquário"
"Antiquário"
Vendo raridades
E o que em mim mal cabe:
A minh'alma intacta,
Sem mágoas, sem máscaras,
Sem tédio, sem traumas.
Preço a combinar.
Por um valor quântico,
O meu coração,
Aos cacos, atado
A amores passados,
Algumas lembranças,
Lamúrias, liames,
Moderna emoção...
Pretendo trocá-los,
Se for este o caso.
Aceito vontades
Que, no peito, ardem,
Momentos de mares.
Vendo raridades
E o que em mim mal cabe:
A minh'alma intacta,
Sem mágoas, sem máscaras,
Sem tédio, sem traumas.
Preço a combinar.
Por um valor quântico,
O meu coração,
Aos cacos, atado
A amores passados,
Algumas lembranças,
Lamúrias, liames,
Moderna emoção...
Pretendo trocá-los,
Se for este o caso.
Aceito vontades
Que, no peito, ardem,
Momentos de mares.
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terça-feira, 3 de maio de 2011
Adriano Nunes: "A valsa ambígua de um momento tido"
"A valsa ambígua de um momento tido"
Depois de estar na gaveta, esquecido,
O decassílabo entregou seu ar
De graça, mesmo sem nada saudar.
Se louvasse algo, seria o Olvido.
Voltou, com grácil ritmo e muito vivo,
À luz. Nem as traças puderam dar
Conta do vasto tecido, do mar
De vínculos, com ácido objetivo.
Seu rígido esqueleto , revestido
De moderno clichê, soube dançar
A valsa ambígua de um momento tido,
Entregar-se ao infinito. Fugitivo
Proteu do caos vulgar, não quis ficar
Feito fóssil, tesouro ilustrativo.
Depois de estar na gaveta, esquecido,
O decassílabo entregou seu ar
De graça, mesmo sem nada saudar.
Se louvasse algo, seria o Olvido.
Voltou, com grácil ritmo e muito vivo,
À luz. Nem as traças puderam dar
Conta do vasto tecido, do mar
De vínculos, com ácido objetivo.
Seu rígido esqueleto , revestido
De moderno clichê, soube dançar
A valsa ambígua de um momento tido,
Entregar-se ao infinito. Fugitivo
Proteu do caos vulgar, não quis ficar
Feito fóssil, tesouro ilustrativo.
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