sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Adriano Nunes; "Precisamente, dez pra dez"

"precisamente, dez pra dez."




Precisamente, dez pra dez,
Perto do cais. Entre o arcabouço
Do infinito e  a praia e o sol, ouço o
Eco do mar revolto, à tez

Do que não mais serei.  Navios
Partindo... Quase em colisão,
Meus sonhos e o que eles são
Pra o meu coração: Sóis vadios

Imersos nos intactos restos
Da contemplação, da espuma
Do encontro. E esta vida é uma

Lembrança de portos e gestos
A eclipsar o flerte, os modestos

Fragmentos do amor,  feito bruma.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "voz-molotov"

"voz-molotov"



o rio à tona:

a zona morte(
a zona súplica,
a zona pública,
a zona marte)

o rio a entona







Adriano Nunes: "oração noigandres"

"oração noigandres"



ó augustos campos!
ó concretos campos!

que os arautos sejam
augustos haroldos!
que os oráculos sejam
augustos augustos!

que vertam o ver-
so: olhai os crisantempos
até os fins dos tempos!
olhai os crisantempos!

ó augustos haroldos!
ó campos poéticos!







Adriano Nunes: "A nódoa pública"

"A nódoa pública"


O polvo-pólvora
Povoa o Rio.
Num susto sub-
Reptício, visto,
Explode o âmago

Alheio, receio.
Entre vis fogos,
Bope dá ibope,
Clichê. Não se
Sabe mais o

Que é zona súplica
Ou zona morte.
Fechem as frestas,
Abram os olhos,
Desçam do sonho:

Eis a cidade,
A mera-ilhota,
Sem maravilhas,
Que o globo agora
Nota, publica.

- Engloba-a o público -
Do ônibus, tudo...
A chama inflama,
A propaganda
Mais enganosa.

Sentado, de óculos,
Todo metal,
Carlos Drummond
Assiste, atento
Ao estrago, ao caos,

Parece estar
Lendo-o, relendo-o.
Estorvo-bomba.
Truques de guerra,
Séria miséria.


ADRIANO NUNES: "atiraram a primeira pedra"

‎"atiraram a primeira pedra"


a fala é nada.

esse silêncio
é que estilhaça
toda a vidraça
da minha casa.







quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "cosmo"

"cosmo"

esc
o
n
d
ido
esc
and
ido

o
ver
so
vive
per

d
ido

(ome
lete
de
le
tras
e
signos)

no
en

ig
mát
ic
o
cosmo


d

o
que 

pen
so 

sinto






terça-feira, 23 de novembro de 2010

Adriano Nunes: TRÊS POEMAS CONCRETOS

"arisca busca"


r a b i s c a r m e
r a b i s c a r m r
r a b i s c a r r e
r a b i s c a r e b
r a b i s c r e b u
r a b i r e b u s c
r a b r e b u s c a
r a r e b u s c a r
r r e b u s c a r t
r e b u s c a r t e




"V I V E R"


R E V I R A R M E
R E V I R A R M R
R E V I R A R R E
R E V I R A R E V
R E V I R R E V E
R E V I R E V E L
R E V R E V E L A
R E R E V E L A R
R R E V E L A R M
R E V E L A R M E



‎"IDENTIDADE" - PARA CARMEM SILVIA PRESOTTO



D D N H I E
D E H N D I
H I D D E N
E N I D H D
N H E I D D
I D D E N H


T E FINC O *





* variante 2: t e fic o

* variante 3: t e fix o






segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Adriano Nunes: O poeta Paulo Sabino escreve sobre mim em seu belo blog "Prosa em Poema"

Estou muito feliz com as palavras do poeta Paulo Sabino, ditas sobre mim, em seu belo blog "Prosa em Poema" http://prosaempoema.wordpress.com/2010/11/22/aquisicao-fabulosa/




"AQUISIÇÃO FABULOSA"

este que vos escreve possui uma estória curiosa com um dos poemas que seguem.

ao findar a sua leitura, fiquei fascinado pelos versos e, por um erro de leitura, pensei que eram da autoria de joão cabral de melo neto; mas não. os versos eram dedicados a joão cabral, foram criados PARA joão cabral, e não POR joão cabral.

daí, a descoberta: na verdade, linhas poéticas delineadas pelo meu AMADO & TALENTOSO poeta das alagoas, que TANTO ADMIRO por uma série de questões, adriano nunes.

antes desse ocorrido, havia dito já ao adriano que, muitas vezes, leio poemas de outros vates, vates que eu e o meu poeta das alagoas admiramos, e vejo que tais poemas poderiam, perfeitamente, ter saído da sua esfero-gráfica afiada, pronta para grandes sobrevôos ao papel.

uma aquisição fabulosa feita por adriano, feita por mim, a partir de tudo o que o mestre joão cabral de melo neto nos deixou de herança:

a lapidação do poema, para que este seja, sempre, lançado lindo à língua, sem o peso do vácuo, sem o peso do que não é cheio (paradoxo poético lindíssimo), sem o peso do vazio, do vão.

cuidar do texto poético, palavra por palavra, pensá-lo milimetricamente, com precisão cirúrgica, sem proezas supérfluas, sem pretensões precárias.

para, assim, devolvê-lo nu aos deuses, devolvê-lo nu, devolvê-lo descoberto, ao seu lugar de origem — ao olimpo, casa dos deuses, ao lado das musas.

acompanhando a pérola poética, uma outra que ilustra bem os meios alcançados pelo GRANDE mestre (meu, do adriano) para transportar a sua poesia:

o trabalho obstinado com os versos, para que eles abriguem estritamente o essencial; para tanto, o estudo no uso de cada palavra lançada ao papel, lançada ao poema, a fim de extrair todo o sumo que elas, as palavras, têm a oferecer e de, assim, criar as imagens as mais potentes possíveis.

(tudo isso sem perder o humor nas linhas, traço forte na poética de joão cabral.)

deliciem-se com os poetas a seguir. ninguém se arrependerá das aquisições feitas, aquisições sempre fabulosas.

GRANDE beijo nos senhores!
um outro, GIGANTE, no meu poeta das alagoas, adriano nunes!
paulo sabino / paulinho.
__________________________________________________________________________________________

(do livro: A educação pela pedra e depois. autor: João Cabral de Melo Neto. editora: Nova Fronteira.)


MEIOS DE TRANSPORTE

§ O câncer é aquele ônibus
que ninguém quer mas com que conta;
não se corre atrás dele,
mas quando ele passa se toma;

que ninguém quer mas sabe;
e que um dia ao sair-se do sono,
lá está, semi-surpresa,
quase pontual, no seu ponto.

§ Sem pontos de parada
solto nas ruas como um táxi,
sem o esperar, querer,
sem ter por que, se toma o enfarte:

táxi que, de repente,
ao lado de quem não se pensava,
pára, no meio-fio,
toma, quem não o vira ou chamara.


(autor: Adriano Nunes.)


AQUISIÇÃO FABULOSA (para João Cabral de Melo Neto)

Lapidar o poema.
Lançá-lo lindo à língua,
Sem o peso do vácuo.
Palavra por palavra,

Sem prematura pressa.
Palavra por palavra,
Sem proezas supérfluas.
Palavra por palavra,

Sem pretensões precárias.
Para depois de pronto,
Devolvê-lo nu aos deuses,
Sem o peso do véu.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "ambrosia" - Para Paulo Sabino.

"ambrosia" - Para Paulo Sabino.



a alma alimentada
desse tudo-nada.
a alma ali montada
(não seria dada?)

a mente ali atada
ao nada: nonada?
a mente ali alada:
poema, pancada.

a alma clama dá-
diva. chama, alça(da
da vida) pensada:
a alma na morada!






quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "Eunomia"

"Eunomia"




era o tempo
e fugira
feito espectro.

era o tempo
e fundira-se
ao silêncio,

na memória.
era o tempo
e não tínhamos

a saída
de emergência
pela frente.

era o tempo
engolindo
nosso tempo,

outro tempo,
qualquer tempo,
sem a pressa

do momento.
era o tempo
a abrigar

a tal gênese
nominal,
desafio

à existência
do poema,
ao vazio.





terça-feira, 16 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "Confissões de um poeta"

"Confissões de um poeta" 


Perdi a cabeça por Medusa.
Circe me cerca com a ideia
De ser só dela, tal Medeia.
Calipso não me ama, me abusa.

Calíope só vive no cio.
Afrodite é não essa cousa
Que dizem. Dice é quem mais ousa.
Às vezes me escondo de Clio.

Ops, Hera, Minerva, Latona -
Larguei todas. Sou tão cafona!
Láquesis, Cloto, Átropos... Feias!
Aos poucos, aos pulos, deixei-as.

Investi nessa tara em Vesta,
Sabendo que ela sequer presta.
Ao inferno fui, por Ariadne...
Restou-nos o fio da amizade.

Agora quero amar Aurora,
Gaia, Antígona, Electra, Helena...
Mas a carne é fraca, pequena.
Recolho-me: o olvido me adora!

Adriano Nunes: "se se abrigasse in situ"

"se se abrigasse in situ"



aquele verso, dado
ao vício de voar
de ultra-leve, do ar,
volta ao solo: que brado!

encontro-o ainda vivo,
envolto em sua veste
de olvido, nada deste
poeta. outro motivo,

estranho. que propósito
não teria alcançado
se se abrigasse in situ,

no âmago do sol, visto
que, à folha, lado a lado,
preso, seria amado?



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "Ofício" - Para Lêdo Ivo.

"Ofício" - Para Lêdo Ivo.



Teço versos
Como quem de um segundo a mais de vida precisa,
Como quem um grito de socorro quer dar,
- Onde fica enfim a saída de emergência? -
Como quem nunca soube fazer outra coisa
Senão inventar coisas,
Cosmos,
Sonhos,
Labirintos, fios, Cretas, grutas.
Esperanças,

Espectros,Gretas,
Grades,
Grécias...
E, tudo em tudo, em volta de voos e mergulhos,
Para que se esvaísse o olvido, pouco a pouco.

Em um grã mar de olvidos.

Teço versos
Como quem já não tem silêncios pra guardar,
Como quem  esquecera o ser que fora, o ritmo
De um tempo amado ante as feras do impossível.
Ai, permaneço preso às ditas do meu peito!
Que faço com o que não faço, pra que o instante
Mágico aconteça aqui, moldando o poema,
Dando-lhe o matiz que o seu corpo sempre quis,
Sem a interferência violenta do meu gosto?
- Onde afinal fica a fresta que a tudo leva
Pra a felicidade, mesmo aquela sonhada? -

Como quem não pode dar outro passo à frente,
Por correr o perigo de precipitar-se 
No báratro mais íntimo, escrevo versos.
E o dia por vir,
Pra mim,
É todo o infinito.


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "corpo" - Para Régis Bonvicino.

"corpo" - Para Régis Bonvicino.



como concebê-lo
do tarso ao cabelo
sem medo de um erro?
(não seria um erro?)

como revirá-lo
(fala, fome, falo)
no verso, de fato?
com um ritmo exato?

como consegui-lo
agora, em sigilo,
pra vê-lo infinito
sob a luz do escrito?

como conhecê-lo
pela pele, apelo
tátil, em mim mesmo?
(pelo toque, a esmo?)

como dissecá-lo
no vão intervalo
da vida? (que traço
falta? forma? braço?)

como discuti-lo,
sem qualquer grilo,
sem os véus do olvido?
(o que é permitido?)

como descrevê-lo
com esmero, zelo,
sem nenhum tropeço?
(que regra obedeço?)

como desvendá-lo
de vez, num estalo
mágico? (divago...
pra que tanto estrago?)

como descobri-lo
(não será vacilo
dos olhos?) do umbigo
à voz que persigo?

como devolvê-lo
pleno, inteiro ou pelo
menos verdadeiro?
(através do cheiro?)

como repensá-lo,
ao cantar do galo,
conservando o fígado
friamente bicado?

como consumi-lo
(mão, mente, mamilo)
explícito, vivo,
sem um objetivo?









Adriano Nunes: "outro verso" - Para Nelson Ascher.

‎"outro verso" - Para Nelson Ascher.




outro verso,
entre tantos
sonhos, prantos.
sofro imerso

em sentidos:
uns perdidos
entre a folha
e o grafite,

acredite.
uns são luz
(que os traduz?)

outros vão
ao breu em vão,
sem escolha.




quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "babel" - Para Haroldo de Campos

"babel" - Para Haroldo de Campos.




acasO ocAso Ocaos Ácaro
aCaso oCaso oCaos áCaro
Acaso ocAso ocAos ácAro
acasO ocaSo ocaoS ácaRo
acaSo Ocaso ocaOs ácarO










Adriano Nunes: "para amar"

"para amar"


para amar
basta a rosa
o céu longe
essa chuva
ter um sonho

para amar
basta o cheiro
o poema
esse sol
a saudade

para amar
basta a chama
par perfeito:
o amor e
o silêncio.



terça-feira, 9 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "reflexo II"

"reflexo II"



eu vim
fitá-lo
furtá-lo
de mim

enfim
vendá-lo
velá-lo
sem fim

assim
espe-lho-o
espa-lho-o

em mim
esc o-lho-o
pe lo o-lh o.






segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "Mínima luz"

‎"Mínima luz"


Enquanto penso
O verso, tento
Dar ao momento
Júbilo imenso.

A rima rege
Que forma? Elege
O ritmo, a métrica?
(Que imagem cética!)

À margem, teço
Outro começo,
À vez me entrego

E, em mim tropeço,
Por estar cego:
Que quer meu ego?



domingo, 7 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "apresse-se" - Para Paulo Sabino.

"apresse-se" - Para Paulo Sabino.




apresse-se!
entre
o trem, o trilho e a trilha
pro infinito,
o ruído esquisito de um mosquito.

resquício de quê?
e se você correr
terá o meio
à mão,
o vínculo,
não terá que sucumbir
ao perigo,
ao mínimo

do tempo.
entre o estático
rumor sem rumo
de um pensamento
convulso e o mito,
o destino segue
inerte,
abrupto,
líquido.

nem o pulsar
disso,
nem a ideia de ir-e-vir
transita,
nem o temor de sorrir
evita que a vida siga,
diáspora contínua,
pelos becos,
pelas dúvidas
infindas.

ora, nem as sequências
do agora,nem mesmo
o cinema fútil
da memória
devolve-lhe o gozo,
o hálito que vem
de fora.
o gozo não se
espelha,
cega.
e se houvesse...

que importa?
o frio
do freio
enfraquece o momento.
estrondo no cérebro,
peri-gozo.
voltemos.

ticket na mão.
calos nas mãos.
sacolas plásticas
com as frutas, com os vácuos
industrializados,
latas de luxo,
legumes,
lugares...
largá-los
ali.

o outro:
desculpe-me,
mas não sei
dizer ou explicar...
sei lá,
talvez seja
o fim do túnel
ou o fim da luz.
do túnel,
volátil despedida
envolvendo o
mundo.





quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "Termômetro"

"Termômetro"




Estranho brinquedo
De mercúrio. Tudo
Desloca-se mudo,
Em um tubo vítreo.

Escala de graus,
Estado febril,
Desespero a mil...
Estou resfriado.

Descubro o metal
Líquido, de prata
Cor... À tez do peso,
O susto: Fragmentos

De vidro... Tão vivos!
Sub-reptício sonho
De menino astuto,
Entre cacos, medos.






quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "O grilo"

"O grilo"



sal titan te
sol to
in se to


es perto
a briga-se
no sol o

do ver so
gri ta
gri ta

gri lado:
nem a rã
nem o raio

que o par ta
nem a pulga
ex pulsa

do pê lo
do ga to
nem o ga to

que sal to
al to...



Capto-o!







terça-feira, 2 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "Os mortos"

"Os mortos"



Os mortos... Abrem-se
As portas e
Tudo pronto:
O momento
Sináptico, o tudo-nada
Do tempo, o jogo
De silêncios empoeirados
Da memória.

Somente os fantasmas
Fazem ruídos
Agora. Vestem-se
De fantasias cotidianas,
As esperanças,
Os sonhos.
Aquele lenço azul,
Aquela carta esquecida,
Aquela tarde
(Era primavera... Não sei.)
No campo, com os primos,
Aquele retrato
Sem cor, com vida,
Com fungos.

Recordação estéril...
Não.
Tudo é gozo-fátuo,
Migalhas
Do passado...
Sombras.

O cérebro quer,
O cérebro
Insiste em verter
Em saudade
Esse olhar gratuito
Para dentro,
Para mais além
Do ãmago...
Vértebras,
Vestígios,
Refletores,
Intervalos,
Interstícios...

Nos bastidores, o porvir
Aplaude,
À socapa,
A farsa do coração.
Mas não não há
Coisa alguma.
Não há livros
Nas estantes. Nenhum grito
Desesperado, nenhum
Primo ou tio,
Nem mesmo
O mofo

Das horas inertes
Gravadas
No arcabouço mesquinho
Da lembrança.
Os mortos... Quem somos?
Quantos fomos
Ontem
Ao meio-dia, depois
Do descanso,
Depois da alvorada?
O nascer

De vultos
Revolta-me. Que tristeza
Atreve-se a penetrar
Em meus olhos,
Arrancando-me
Medos,
Lágrimas,
Solidão?
Que nome dar

À voz
Do impossível?
Que nome
Vem à mente
Feito mistério,
Miríade de traços
Tão familiares?
O morto

Sou eu,
Entre tantos
Cadáveres conhecidos,
Personagens
Das tragédias,
Das telenovelas,
Do cinema,
Do meu quarto...
Gente que vivi,
Gente que enterrei,
Gente que matei,
Entre páginas.

A tinta
Sangra só
Lamento e tédio.
(Ninguém me avisou
Da visita súbita
De tais monstros)
O papel
Viverá? O rabisco
Voa rasante...
Sepulto-me,
Seco,
Solto,
Sub-reptício,
Argila,
Pedra,
Vácuo...
O nome?

As sete medidas
Subterrâneas,
Os ossos escondidos
Por cães de caça,
As carnes reviradas
Por vira-latas
Incolores,
Raquíticos...
O mundo emerso.

Sim, o nome.
O olvido presente.
O olvido preservado.
O olvido vivo
Vinga,
Vence.
Sim, o vento...
Os restos,
Os riscos,
As ruínas,
Os vermes.








segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Adriano Nunes: "Por dentro do meu coração"

"Por dentro do meu coração"



os grumos do meu coração
a cava não
as gretas do meu coração
o vago não
os gritos do meu coração
a carne não
as greves do meu coração
o ritmo não
os gringos do meu coração
a valva não
as grutas do meu coração
o fluxo não
os grossos do meu coração
a crista não
as grotas do meu coração
o septo não
os grifos do meu coração
a fibra não
as graças do meu coração
o átrio não
os gregos do meu coração
a corda não
as grades do meu coração
o sangue não
os grilos da minha razão.