"A bateria"
Entre tambores e pratos, o som
Surge através das baquetas. Assim,
Mogno, cedro, cobre, pele, marfim
Engendram um ritmo instintivo e bom.
Os movimentos dos membros, talvez,
Descrevam a própria música. O ser
De pés, mãos, de aço, tripés, pode ser
Que seja tudo até, de uma só vez.
Os surdos, gongos, bumbos, rototós
Fundem-se e, nos labirintos, dão nós.
Os ouvintes vibram e os timbres mais
Atiçam os sentidos. Os pedais?
As tais peças em batidas totais.
O instrumento todo fala por nós.
Adriano Nunes.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Adriano Nunes: "Por meios mais sutis" - Para Antonio Cicero
"Por meios mais sutis" - Para Antonio Cicero
Eis o verso a dizer
Tanto o que sempre quis,
Por meios mais sutis,
Portentoso prazer.
Eis o instante a rever-
Ter tudo, a construir
Outra lida, a fluir
De si, pra ser do ver-
So, a seguir. Eis o ver:
Para satisfazer
Todo o ser, o porvir-
Pólvora, luz-lazer,
Sem a amarras servir,
Eis o verso a viver.
Eis o verso a dizer
Tanto o que sempre quis,
Por meios mais sutis,
Portentoso prazer.
Eis o instante a rever-
Ter tudo, a construir
Outra lida, a fluir
De si, pra ser do ver-
So, a seguir. Eis o ver:
Para satisfazer
Todo o ser, o porvir-
Pólvora, luz-lazer,
Sem a amarras servir,
Eis o verso a viver.
Marcadores:
ADRIANO NUNES,
POEMA
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Adriano Nunes: "Ícaro" - Para José Mariano Filho
"Ícaro" - Para José Mariano Filho
Do lar, eu não devia ter saído,
Ter abandonado o rabo da saia
Da mãe, não devia ter adquirido
Asas, não devia ter só sonhado,
Do lar, eu devia sentir saudade.
Sim, do meu grácil lar, mas não de lá,
Daquele lugar público, do mundo.
Devia ter sido domesticado,
Ter aprendido a amar o meu sofá,
A sala, os quadros, quartos, o quintal,
A chegada do meu pai cedo, a vinda
Do carteiro, a visita inesperada
Dos meus primos, as intrigas, as festas
Aos sábados, o labirinto, os filmes
Na televisão, o grã Minotauro.
Ai, preciso embriagar-me do olvido,
Sem ter que derrubar as tantas portas
Do meu coração, sem ter que provar
Da cicuta da culpa, do pesar,
Sem prometer coisa alguma à minh'alma!
Do lar, eu não devia ter saído,
Ter abandonado o rabo da saia
Da mãe, não devia ter adquirido
Asas, não devia ter só sonhado,
Do lar, eu devia sentir saudade.
Sim, do meu grácil lar, mas não de lá,
Daquele lugar público, do mundo.
Devia ter sido domesticado,
Ter aprendido a amar o meu sofá,
A sala, os quadros, quartos, o quintal,
A chegada do meu pai cedo, a vinda
Do carteiro, a visita inesperada
Dos meus primos, as intrigas, as festas
Aos sábados, o labirinto, os filmes
Na televisão, o grã Minotauro.
Ai, preciso embriagar-me do olvido,
Sem ter que derrubar as tantas portas
Do meu coração, sem ter que provar
Da cicuta da culpa, do pesar,
Sem prometer coisa alguma à minh'alma!
Marcadores:
ADRIANO NUNES,
POEMA
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
ADRIANO NUNES: "Mais que ornamento" - Para Antônio Francisco Lisboa, "Aleijadinho"
"Mais que ornamento" - Para Antônio Francisco Lisboa, "Aleijadinho"
Pensar, criar,
Pôr vital ar
Nas próprias mãos.
Pedras que são?
Pra nossa glória,
Barroca história,
Contemplação.
Pedra-sabão?
Mais que ornamento
Geral, no centro
Do movimento:
Rococó. Dentro
Da vida, a mina
Sagrada, estátua
Humana, atua.
Matéria fina?
Superação
Da superfície
Do ser, artífice
Do coração.
Pensar, criar,
Pôr vital ar
Nas próprias mãos.
Pedras que são?
Pra nossa glória,
Barroca história,
Contemplação.
Pedra-sabão?
Mais que ornamento
Geral, no centro
Do movimento:
Rococó. Dentro
Da vida, a mina
Sagrada, estátua
Humana, atua.
Matéria fina?
Superação
Da superfície
Do ser, artífice
Do coração.
Marcadores:
ADRIANO NUNES,
POEMA
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Adriano Nunes: "No cérebro das coisas que são"
"No cérebro das coisas que são"
Longe de acasos... Poema antigo
Abrigado no meu coração,
Entre os sonhos, a constatação
Da alegria que agora persigo.
Longe da lida? A leve lembrança
De Ítaca: a densa dispersão
No cérebro das coisas que são
Miragens, o porto que me alcança.
Não será só sinapse incontida
Sobre o papel, a plena ilusão,
Babel em minha massa cinzenta?
Assim, prefiro a linda fusão
De imagens e sons que me atormenta
Aos louvores e louros da vida!
Longe de acasos... Poema antigo
Abrigado no meu coração,
Entre os sonhos, a constatação
Da alegria que agora persigo.
Longe da lida? A leve lembrança
De Ítaca: a densa dispersão
No cérebro das coisas que são
Miragens, o porto que me alcança.
Não será só sinapse incontida
Sobre o papel, a plena ilusão,
Babel em minha massa cinzenta?
Assim, prefiro a linda fusão
De imagens e sons que me atormenta
Aos louvores e louros da vida!
Marcadores:
ADRIANO NUNES,
POEMA
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
ADRIANO NUNES: "Isso a que mais me proponho"
"Isso a que mais me proponho"
Último dia de festa
Na cidade. Tudo passa
Entre o frêmito da massa
E o frevo. Que ainda resta
Da embriagada alegria
Da vida? Como guardá-la,
Através da minha fala,
Do tempo? O que não seria
De mim se não fosse o sonho,
Isso a que mais me proponho?
Talvez, não vingasse nada.
Às traças, a madrugada
É visivelmente dada:
Outro carnaval suponho.
Último dia de festa
Na cidade. Tudo passa
Entre o frêmito da massa
E o frevo. Que ainda resta
Da embriagada alegria
Da vida? Como guardá-la,
Através da minha fala,
Do tempo? O que não seria
De mim se não fosse o sonho,
Isso a que mais me proponho?
Talvez, não vingasse nada.
Às traças, a madrugada
É visivelmente dada:
Outro carnaval suponho.
Marcadores:
ADRIANO NUNES,
POEMA
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
ADRIANO NUNES: "Ambrosia"
"Ambrosia"
Passo a vida,
Entre versos.
Que alegria!
Tudo posso,
Tudo sinto,
Tudo crio:
Outro tempo,
Outro Olimpo,
Outros eus.
Adriano Nunes
Passo a vida,
Entre versos.
Que alegria!
Tudo posso,
Tudo sinto,
Tudo crio:
Outro tempo,
Outro Olimpo,
Outros eus.
Adriano Nunes
Marcadores:
ADRIANO NUNES,
POEMAS RONDONIENSES
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Adriano Nunes: "Mais vivo. Tudo convém" - Para Péricles Cavalcanti
"Mais vivo. Tudo Convém" - Para Péricles Cavalcanti
Às vezes, volto do verso,
Mais vivo. Tudo convém
Porque quero, e sinto, além
De mim, o meu ser disperso
Em mistérios. Que se esconde
Do poeta? O coração
Não me livra da equação
Do tempo: fugir por onde?
Com que força de vontade
Não ceder, a tal rompante,
Ao que me cerca e me invade?
Entrego-me. É importante
Dar trégua à cumplicidade
Das musas, mais adiante.
Às vezes, volto do verso,
Mais vivo. Tudo convém
Porque quero, e sinto, além
De mim, o meu ser disperso
Em mistérios. Que se esconde
Do poeta? O coração
Não me livra da equação
Do tempo: fugir por onde?
Com que força de vontade
Não ceder, a tal rompante,
Ao que me cerca e me invade?
Entrego-me. É importante
Dar trégua à cumplicidade
Das musas, mais adiante.
Marcadores:
ADRIANO NUNES,
POEMAS RONDONIENSES
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
ADRIANO NUNES: "Ao fim da alegoria"
"Ao fim da alegoria"
Imenso amor eu sinto
Rasgar meu peito agora,
Alargando o lá fora,
Formando um labirinto
Dentro de mim. A vida
Foge ao primeiro toque
E nada quer que eu foque,
Presta-se a ser olvida.
Somente uma alegria
Vinga ainda suprema:
Construir um poema
Descrevendo tal tema.
Que mal me afetaria
Ao fim da alegoria?
Adriano Nunes.
Imenso amor eu sinto
Rasgar meu peito agora,
Alargando o lá fora,
Formando um labirinto
Dentro de mim. A vida
Foge ao primeiro toque
E nada quer que eu foque,
Presta-se a ser olvida.
Somente uma alegria
Vinga ainda suprema:
Construir um poema
Descrevendo tal tema.
Que mal me afetaria
Ao fim da alegoria?
Adriano Nunes.
Marcadores:
ADRIANO NUNES,
POEMAS RONDONIENSES
Assinar:
Postagens (Atom)