"A Guerra"
Quando a Guerra começou,
Éramos indiferentes
A ela. Bombas, projéteis
Não nos alcançavam. Víamos
O instante com a suspeita
Dócil de que, logo, logo,
Seríamos, pelo óbvio,
Sugados. Porque afirmavam
Que, lá para o leste, corpos
E corpos se amontoavam
Sobre montanhas e vales.
As cidades já ruínas.
Mortos e mortos e mortos
Enchiam campos e ruas.
Cidades viravam túmulos
De tudo por tudo ser.
Depois, de algum tempo, voos
Metálicos atiraram,
De cima a baixo, a Surpresa
Trágica, de estrondos cheia,
A destruição sem medida.
E muitos corpos e corpos
E trapos, troços, destroços
E farrapos modelavam
A vida, em si já ferida,
Acumulavam-se em toda
Direção. Sequer sabíamos
Por que isto acontecia,
Por que foi preciso, assim,
Acontecer a chegada
Do deus Marte: vácuo e nada!
Até hoje ninguém mesmo
Sabe. Não, ninguém não sabe!
Mesmo que somem cadáveres!
Mesmo que sangrem destroços!
Mas naquela tarde em que
A prima bomba caiu
Sobre nós, mais percebemos
A irracionalidade
Feroz dos tais semelhantes.
Desses forjados sob leis
Dos Eus, pertencentes à
Essa espécie animalesca
Que na Terra habita e, vez
Ou outra, até tem bons modos,
Sorri, canta, filosofa,
Faz poemas. Põe-se à prova.
Restaram coisas inúmeras.
Muita coisa se foi cedo.
Quando a Guerra começou,
Desesperado o Amor foi-se,
Escondeu-se na caverna
Escura do medo. Fera
Coagida, ameaçada,
Não queria mesmo ver
Que tinha falhado, que
Em vão lançou suas flechas.
O que, máxime, importava?
Quanta gente se foi mesmo!
As existências perplexas
Assombra o Horror. Essa Guerra!
O Horror! O Horror! Toda Guerra!
Oh, destroços da Esperança!
Oh, verve vital da Dor!
Éramos indiferentes
A ela. Bombas, projéteis
Não nos alcançavam. Víamos
O instante com a suspeita
Dócil de que, logo, logo,
Seríamos, pelo óbvio,
Sugados. Porque afirmavam
Que, lá para o leste, corpos
E corpos se amontoavam
Sobre montanhas e vales.
As cidades já ruínas.
Mortos e mortos e mortos
Enchiam campos e ruas.
Cidades viravam túmulos
De tudo por tudo ser.
Depois, de algum tempo, voos
Metálicos atiraram,
De cima a baixo, a Surpresa
Trágica, de estrondos cheia,
A destruição sem medida.
E muitos corpos e corpos
E trapos, troços, destroços
E farrapos modelavam
A vida, em si já ferida,
Acumulavam-se em toda
Direção. Sequer sabíamos
Por que isto acontecia,
Por que foi preciso, assim,
Acontecer a chegada
Do deus Marte: vácuo e nada!
Até hoje ninguém mesmo
Sabe. Não, ninguém não sabe!
Mesmo que somem cadáveres!
Mesmo que sangrem destroços!
Mas naquela tarde em que
A prima bomba caiu
Sobre nós, mais percebemos
A irracionalidade
Feroz dos tais semelhantes.
Desses forjados sob leis
Dos Eus, pertencentes à
Essa espécie animalesca
Que na Terra habita e, vez
Ou outra, até tem bons modos,
Sorri, canta, filosofa,
Faz poemas. Põe-se à prova.
Restaram coisas inúmeras.
Muita coisa se foi cedo.
Quando a Guerra começou,
Desesperado o Amor foi-se,
Escondeu-se na caverna
Escura do medo. Fera
Coagida, ameaçada,
Não queria mesmo ver
Que tinha falhado, que
Em vão lançou suas flechas.
O que, máxime, importava?
Quanta gente se foi mesmo!
As existências perplexas
Assombra o Horror. Essa Guerra!
O Horror! O Horror! Toda Guerra!
Oh, destroços da Esperança!
Oh, verve vital da Dor!
Adriano Nunes
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