domingo, 22 de abril de 2018

Adriano Nunes: “Chove sobre a cidade deserta”

“Chove sobre a cidade deserta”


Chove sobre a cidade deserta.
Tenho saudades inconfessáveis.
Tenho tristezas que até têm pressa
Em ser tristezas que até têm pressa
Em deixar-me triste, triste mesmo.

Ah, chove à beça sobre a cidade!
Que cantam os segredos? Que fazem
Os amantes cegos ante o efeito
Do vento frio que o quarto invade?
Será que alguém faz versos também

Nesta hora em que chuva e eus há?
Estará preocupado com métrica,
Riscos, rimas, ritmos, se leitor
Haverá pra o que emerge do escrito
Lírico? Será que as Musas já

Virão do Infinito, em bando, alegres,
Para ouvir o que restou do cerne
Da memória e dos ecos do amor
Líquido, advindo de cada pingo?
Chove... E em mistério tudo se verte!

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