"Somos uns bárbaros"
Ah, corpos quantos
Por vácuo vasto
Sugado, o espaço
Aberto, dado
A todo Estado,
Para matar
O cidadão,
A cidadã!
Vê, meu bem, já:
O Estado mata
Também, cá, lá!
Por vácuo vasto
Sugado, o espaço
Aberto, dado
A todo Estado,
Para matar
O cidadão,
A cidadã!
Vê, meu bem, já:
O Estado mata
Também, cá, lá!
Oh, vidas tantas
Tão violadas!
Escolhas são
Para atestar
Quem menos mata,
Quem matará
Mais? Eis o dado
Enfim palpável
Dessa ilusão:
Somos ou não
Civilizados?
Tão violadas!
Escolhas são
Para atestar
Quem menos mata,
Quem matará
Mais? Eis o dado
Enfim palpável
Dessa ilusão:
Somos ou não
Civilizados?
Constato: não!
Pois precisamos
Da voz legal
Para moldar
Os nossos atos,
Para atestar
Que somos, claro,
Uns animais
Ferozes, mais
Que os animais!
Somos humanos,
Pois precisamos
Da voz legal
Para moldar
Os nossos atos,
Para atestar
Que somos, claro,
Uns animais
Ferozes, mais
Que os animais!
Somos humanos,
Poder buscando,
Buscando fama,
Glória, o céu alto!
Somos uns bárbaros
Prestes a dar
O golpe baixo
Contra a vez mágica
Da vida! Estamos
Sempre louvando o
Ser arbitrário,
O vil carrasco,
Buscando fama,
Glória, o céu alto!
Somos uns bárbaros
Prestes a dar
O golpe baixo
Contra a vez mágica
Da vida! Estamos
Sempre louvando o
Ser arbitrário,
O vil carrasco,
O rei tirânico,
O autoritário
Chefe de Estado!
As leis amamos
Sem as testar.
Dizemos: quão
Belas leis são!
A morte trágica
De irmãs, irmãos,
Comemoramos!
Eis o mal máximo!
O autoritário
Chefe de Estado!
As leis amamos
Sem as testar.
Dizemos: quão
Belas leis são!
A morte trágica
De irmãs, irmãos,
Comemoramos!
Eis o mal máximo!
Até matamos
Em nome das
Crenças e das
Verdades nada
Prováveis! Cada
Hora é só máscara
E intolerância!
E, em cada instante,
O Horror se faz
Mesmo capaz
De dar as cartas!
Em nome das
Crenças e das
Verdades nada
Prováveis! Cada
Hora é só máscara
E intolerância!
E, em cada instante,
O Horror se faz
Mesmo capaz
De dar as cartas!
Adriano Nunes