"Elegia"
Era noite, era a noite, era
Outra conversa
Às pressas, outra
Peça de xadrez esquecida,
Outra quimera
Depois das dez,
Íntimo desperto, talvez.
Era noite, era a noite, era
Aquela teia
De flertes, à espera de fins,
De fugas, de festas, aquela
Tese concreta:
Vera noite era...
Já era a
Grã primavera?
Outro desejo -
Através da janela, a voz
Quase me fere
E me esfacela -
Invade a lida além das frestas
Deste momento:
Soçobrara a noite, decerto.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
sábado, 27 de agosto de 2011
Adriano Nunes: "O poema"
"O poema"
O poema...
Aquela valsa avulsa,
Aquela vista em volta,
Aquela vasta voz.
Depois, era descer
Às gretas do infinito
Do âmago, às crateras
De um perigo possível,
Arder, atento, em busca
Da mágica quimera
Que o instante agora encerra,
Invólucro de luzes.
O poema,
Pouco a pouco, às laringes
De grafite se funde,
À folha... E tudo surge,
Súbito, claro cosmo
De imagens, águas-vivas,
Tritões, conchas, medusas,
Cidades esquecidas.
Depois, era voltar
À superfície frágil
Da vida, às ilusões,
Dar-se à êxtase exótico.
O poema...
Aquela valsa avulsa,
Aquela vista em volta,
Aquela vasta voz.
Depois, era descer
Às gretas do infinito
Do âmago, às crateras
De um perigo possível,
Arder, atento, em busca
Da mágica quimera
Que o instante agora encerra,
Invólucro de luzes.
O poema,
Pouco a pouco, às laringes
De grafite se funde,
À folha... E tudo surge,
Súbito, claro cosmo
De imagens, águas-vivas,
Tritões, conchas, medusas,
Cidades esquecidas.
Depois, era voltar
À superfície frágil
Da vida, às ilusões,
Dar-se à êxtase exótico.
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sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Adriano Nunes: "Proeza"
"Proeza"
O amor
O amor supera o amor
O amor super (a o amor)
O amor supera
Um amor super(
A um dia)
Um dia outro dia outro dia
Outra alegria super(
A uma alegria)
Um dia super(a
O amor)
Porque o infinito se abrigou
No íntimo
Dessa esfera.
Que alegria!
O amor
O amor supera o amor
O amor super (a o amor)
O amor supera
Um amor super(
A um dia)
Um dia outro dia outro dia
Outra alegria super(
A uma alegria)
Um dia super(a
O amor)
Porque o infinito se abrigou
No íntimo
Dessa esfera.
Que alegria!
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Adriano Nunes: ""Ιθάκη"
"Ιθάκη"
Ítaca não ficava longe.
Perto da praia,
Perto do porto...
Insólita sauna,
Que eu frequentava, sempre,
À socapa,
Nas madrugadas,
Quando
A alma estava inquieta,
O corpo em chamas.
Lá, conheci
Homero,
Aquiles,
Ulisses,
Kaváfis, Horácio,
Ésquilo,
Cicero, Pessoa, Eduardo,
Décio, Roberto,
Zeus...
Era uma viagem.
Quando a vida doía
No peito, voltava
À Ítaca.
Era feliz, ali,
Entre sonhos, músculos, mármores,
Memórias, medos,
Motes,
Música,
Olhos e orgasmos e estranhos
Assaltos de liberdade.
Ítaca não ficava longe.
Perto da praia,
Perto do porto...
Insólita sauna,
Que eu frequentava, sempre,
À socapa,
Nas madrugadas,
Quando
A alma estava inquieta,
O corpo em chamas.
Lá, conheci
Homero,
Aquiles,
Ulisses,
Kaváfis, Horácio,
Ésquilo,
Cicero, Pessoa, Eduardo,
Décio, Roberto,
Zeus...
Era uma viagem.
Quando a vida doía
No peito, voltava
À Ítaca.
Era feliz, ali,
Entre sonhos, músculos, mármores,
Memórias, medos,
Motes,
Música,
Olhos e orgasmos e estranhos
Assaltos de liberdade.
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Adriano Nunes: "Ítaca" - Para Antonio Cicero
"Ítaca" - Para Antonio Cicero
Quiseste a segurança de sentir
Tudo, de não teres um coração
Pra o tempo que pensaste, para a mágica
Que é preciso inventar à força, dia
Após dia, com lágrimas e cinzas,
Entre um verso e as tais idas, à socapa,
Às saunas, às festas, às recepções
Públicas, como se as vontades fossem
A engrenagem necessária pra pose,
Pra o aceno enquanto apenas era Ítaca.
Voltavas pra casa, assustado, triste...
Era um crime teres sido tu mesmo
Em todos os momentos, teres dado,
À rotina do teu âmago, o amor,
Amando os homens, a farsa possível,
A realidade fria do sonho.
Infinitas vezes voltaste à Ítaca.
Era preciso. Tinhas a esperança
Das suaves manhãs, dos portentos,
De não sentir mais nada, pra viver.
Quiseste a segurança de sentir
Tudo, de não teres um coração
Pra o tempo que pensaste, para a mágica
Que é preciso inventar à força, dia
Após dia, com lágrimas e cinzas,
Entre um verso e as tais idas, à socapa,
Às saunas, às festas, às recepções
Públicas, como se as vontades fossem
A engrenagem necessária pra pose,
Pra o aceno enquanto apenas era Ítaca.
Voltavas pra casa, assustado, triste...
Era um crime teres sido tu mesmo
Em todos os momentos, teres dado,
À rotina do teu âmago, o amor,
Amando os homens, a farsa possível,
A realidade fria do sonho.
Infinitas vezes voltaste à Ítaca.
Era preciso. Tinhas a esperança
Das suaves manhãs, dos portentos,
De não sentir mais nada, pra viver.
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quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Adriano Nunes: "Depois disso" - Para José Mariano Filho
"Depois disso" - Para José Mariano Filho
Amar o que não nos ama.
Amar o estranho, a falta.
Amar por amar basta .
E sempre será sempre
Tudo ou nada, comédia,
História mal contada,
Drama, conto de fada.
Amar o que é preciso.
Amar o amor, o íntimo.
Amar além do instinto,
Feito tiro no escuro.
Depois disso correr
Riscos, perder as rédeas,
Dar-se a tudo, no mínimo.
Amar o que não nos ama.
Amar o estranho, a falta.
Amar por amar basta .
E sempre será sempre
Tudo ou nada, comédia,
História mal contada,
Drama, conto de fada.
Amar o que é preciso.
Amar o amor, o íntimo.
Amar além do instinto,
Feito tiro no escuro.
Depois disso correr
Riscos, perder as rédeas,
Dar-se a tudo, no mínimo.
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Adriano Nunes: "Ponte aérea"
"Ponte aérea"
Assalta-me um pensamento...
Nada o impede.
Vem liberto, leve,
Voo com ele,
Âmago e pele.
Lanço-me, alegre, de vez,
Ao seu cerne.
Será que ele serve
Ao que me proponho, e verte-se,
Do córtex, em verso.
Será que me concede
Outro sonho, outro tempo
Sem rusgas, sem regras,
Menos breve?
Agarra-me um sentimento...
Feito febre.
Vou com ele.
Ainda que me descabele
E não saiba o porquê,
Meu ser o persegue.
Será prisão o prazer?
Assalta-me um pensamento...
Nada o impede.
Vem liberto, leve,
Voo com ele,
Âmago e pele.
Lanço-me, alegre, de vez,
Ao seu cerne.
Será que ele serve
Ao que me proponho, e verte-se,
Do córtex, em verso.
Será que me concede
Outro sonho, outro tempo
Sem rusgas, sem regras,
Menos breve?
Agarra-me um sentimento...
Feito febre.
Vou com ele.
Ainda que me descabele
E não saiba o porquê,
Meu ser o persegue.
Será prisão o prazer?
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domingo, 21 de agosto de 2011
Adriano Nunes: "Versos, que são?" - Para Péricles Cavalcanti
"Versos, que são?" - Para Péricles Cavalcanti
Dentro do ver-
So, habita um ser
Que a tudo ser-
Ve: o grã viver.
Raro prazer
Dentro do ver-
So, deve haver.
O que fazer
Dessa emoção
A se instalar
No coração?
De volta ao lar
- Letra e canção -
Versos, que são?
Dentro do ver-
So, habita um ser
Que a tudo ser-
Ve: o grã viver.
Raro prazer
Dentro do ver-
So, deve haver.
O que fazer
Dessa emoção
A se instalar
No coração?
De volta ao lar
- Letra e canção -
Versos, que são?
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sábado, 20 de agosto de 2011
Adriano Nunes: "Clichês"
"Clichês"
(I)
Esse passado não passa
De agora.
O presente
Fora
Embora... Todo futuro
É desejo de memória.
Por favor,
Abre aquela porta, diz
A senha pra ser feliz.
(II)
Da eternidade do amor,
(I)
Esse passado não passa
De agora.
O presente
Fora
Embora... Todo futuro
É desejo de memória.
Por favor,
Abre aquela porta, diz
A senha pra ser feliz.
(II)
Da eternidade do amor,
Restou o mero vestígio:
O íntimo
Sentido
Do que ignoto se ignorou,
As cartas não enviadas,
A magna ideia do poder
Das palavras,
O resto de risco e raiva.
O íntimo
Sentido
Do que ignoto se ignorou,
As cartas não enviadas,
A magna ideia do poder
Das palavras,
O resto de risco e raiva.
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sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Adriano Nunes: "Reverso"
"Reverso"
Reinventar o ver-
so, para si-
- ti -
ar a vida e rever-
ter tudo em
bel-prazer.
Em pleno voo,
revê-lo
lápis, lapso-motor,
elo estético, caos e cérebro,
sob o fórceps do propósito-pop
do que for:
Refazer o
tempo de gerar o
instante raro -
eis o verso
tomando o
espaço.
Reinventar o ver-
so, para si-
- ti -
ar a vida e rever-
ter tudo em
bel-prazer.
Em pleno voo,
revê-lo
lápis, lapso-motor,
elo estético, caos e cérebro,
sob o fórceps do propósito-pop
do que for:
Refazer o
tempo de gerar o
instante raro -
eis o verso
tomando o
espaço.
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terça-feira, 16 de agosto de 2011
Adriano Nunes: "Lirismo"
"Lirismo"
A libélula louca:
Eu.
Meio-dia em ponto,
Sonho a pino,
No ponto de ônibus,
Procurando o
Que dizer:
'Eu te amo?'
'Amo-te desde quando... '
E nem mesmo
Essa ingênua alegria
Serviria a
Tanto - era voar
De volta para o lar
E lançar-me
Ao tempo - pra vingar
De vez, veloz, libélula
Livre: eu.
Ao meio-dia, pronto:
Eu te amo.
Seiva e âmago.
A libélula louca:
Eu.
Meio-dia em ponto,
Sonho a pino,
No ponto de ônibus,
Procurando o
Que dizer:
'Eu te amo?'
'Amo-te desde quando... '
E nem mesmo
Essa ingênua alegria
Serviria a
Tanto - era voar
De volta para o lar
E lançar-me
Ao tempo - pra vingar
De vez, veloz, libélula
Livre: eu.
Ao meio-dia, pronto:
Eu te amo.
Seiva e âmago.
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quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Adriano Nunes: "O POEMA" - Para Antonio Cicero
"O POEMA" - Para Antonio Cicero
Com que trama agora te traço
e com que lápis
e com que lábio
e com que lágrima
e com que lapso
e com que sonho
com que estilhaço hoje te faço
e com que parte
e com que plano
e com que pranto
e com que plágio
e com que soma
com que arco muito te caço
e com que cláusula
e com que canto
e com que calma
e com que cálculo
e com que sonda
com que ritmo mesmo te capto
e com que mágica
e com que mágoa
e com que máscara
e com que marcha
e com que sono
com que arquitetura te adapto
e com que fábula
e com que farsa
e com que fato
e com que fala
e com que sombra
com que antena apenas te capto
e com que rádio
e com que raiva
e com que raio
e com que rastro
e com que som
com que luz ainda te laço
e com que sangue
e com que samba
e com que saga
e com que sátira
e com que sol?
Com que trama agora te traço
e com que lápis
e com que lábio
e com que lágrima
e com que lapso
e com que sonho
com que estilhaço hoje te faço
e com que parte
e com que plano
e com que pranto
e com que plágio
e com que soma
com que arco muito te caço
e com que cláusula
e com que canto
e com que calma
e com que cálculo
e com que sonda
com que ritmo mesmo te capto
e com que mágica
e com que mágoa
e com que máscara
e com que marcha
e com que sono
com que arquitetura te adapto
e com que fábula
e com que farsa
e com que fato
e com que fala
e com que sombra
com que antena apenas te capto
e com que rádio
e com que raiva
e com que raio
e com que rastro
e com que som
com que luz ainda te laço
e com que sangue
e com que samba
e com que saga
e com que sátira
e com que sol?
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sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Adriano Nunes: "Paisagem sináptica" - Para Antonio Carlos Secchin
"Paisagem sináptica" - Para Antonio Carlos Secchin
Funde-se à grã lida
O veludo do Olvido...
As horas mais se atiram
Ao existir, dão-se ao rito,
Corrosivamente convictas
Da lei que abriga a vida,
As buscas impossíveis
Ante os sóis do grafite.
Então, desfeito o ínterim,
A paisagem seria
O sináptico Sísifo
A escalar os efeitos
Do amor canalha e lídimo.
Ou versos e rabiscos,
Como prova precisa
Do que resta e se admite.
Funde-se à grã lida
O veludo do Olvido...
As horas mais se atiram
Ao existir, dão-se ao rito,
Corrosivamente convictas
Da lei que abriga a vida,
As buscas impossíveis
Ante os sóis do grafite.
Então, desfeito o ínterim,
A paisagem seria
O sináptico Sísifo
A escalar os efeitos
Do amor canalha e lídimo.
Ou versos e rabiscos,
Como prova precisa
Do que resta e se admite.
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quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Adriano Nunes: "solidão"
"solidão"
tão
absoluta
tão
única
tão
etérea
tão
severa
tão
brusca
tão
comum
tão
sol!
(06/09/97)
tão
absoluta
tão
única
tão
etérea
tão
severa
tão
brusca
tão
comum
tão
sol!
(06/09/97)
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segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Adriano Nunes: "Da criação concreta"
"Da criação concreta"
Então, não satis-
Feito, Sir Satã
Solta seu sorriso,
Uma gargalhada,
Pra ser mais preciso,
E cria seu monstro-
Sol, guloso, cego.
Não houvera nada
De mais... Na manhã
Seguinte, o requinte
Na ponta do lápis:
O mundo era outro,
O século... Vinte?
Nascia o deus Ego.
Então, não satis-
Feito, Sir Satã
Solta seu sorriso,
Uma gargalhada,
Pra ser mais preciso,
E cria seu monstro-
Sol, guloso, cego.
Não houvera nada
De mais... Na manhã
Seguinte, o requinte
Na ponta do lápis:
O mundo era outro,
O século... Vinte?
Nascia o deus Ego.
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