"Do que me peso e sinto"
Para que bem me ensinas
A existir se esta vida
Vinga, assim, corroída?
Vê por minhas retinas
A minh'alma contida
Feito minério em minas.
De sóis não me previnas...
O pensar é partida.
Deixa-me com o risco
De nem saber de mim,
De apenas ser instinto.
Se em quimeras me arrisco,
É que abraço o sem-fim
Do que me peso e sinto.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Adriano Nunes: "A invenção do tempo" - Para Paulo Sabino
"A invenção do tempo" - Para Paulo Sabino
Preparo o caderno
De rabiscos para
A grave alegria,
A invenção do tempo
Do impossível, para
Livrar-me das garras
Do Olvido e dos gritos
Contidos, contados
Todas as manhãs,
Numa grã catarse.
Por um lance rápido
Do lápis, o giro
Do grafite rasga
O infinito, e o verso
Surge, feito mágica.
Preparo o caderno
De rabiscos para
A grave alegria,
A invenção do tempo
Do impossível, para
Livrar-me das garras
Do Olvido e dos gritos
Contidos, contados
Todas as manhãs,
Numa grã catarse.
Por um lance rápido
Do lápis, o giro
Do grafite rasga
O infinito, e o verso
Surge, feito mágica.
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quinta-feira, 23 de junho de 2011
Adriano Nunes: "Luz" - Para Haroldo de Campos.
"Luz" - Para Haroldo de Campos
o
ver
so
vi
ve
a a
p
a
r
e
cer...
a
s
sim
s
e
ja:
e
m
i m
m
r e
v
e
j
a
o!
o
ver
so
vi
ve
a a
p
a
r
e
cer...
a
s
sim
s
e
ja:
e
m
i m
m
r e
v
e
j
a
o!
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quarta-feira, 22 de junho de 2011
Adriano Nunes: "As minhas madrugadas são assim..."
"As minhas madrugadas são assim..."
As minhas madrugadas são assim...
Pensamentos me pesam, sonhos não
São só desassossegos, ilusão,
Ululante alegria vinga em mim.
Vestido de vigília, que propor
À intempérie do ser? Todo prazer
Que pretende surgir, pra refazer
A luz delicadíssima, o fulgor
Do intervalo pulsátil, magno amor,
Ou o grã monstro sináptico, dragão
Devastador de tudo alerta, enfim?
Sono... O que se mais deve recompor,
Que astúcia usar para satisfazer
O meu âmago? Amanhece sem fim.
As minhas madrugadas são assim...
Pensamentos me pesam, sonhos não
São só desassossegos, ilusão,
Ululante alegria vinga em mim.
Vestido de vigília, que propor
À intempérie do ser? Todo prazer
Que pretende surgir, pra refazer
A luz delicadíssima, o fulgor
Do intervalo pulsátil, magno amor,
Ou o grã monstro sináptico, dragão
Devastador de tudo alerta, enfim?
Sono... O que se mais deve recompor,
Que astúcia usar para satisfazer
O meu âmago? Amanhece sem fim.
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Adriano Nunes: "Eco" - Para Alberto Lins Caldas
"Eco" - Para Alberto Lins Caldas
De cada instante
Captar a vez
Da voz. Talvez,
Seja importante
Escutar Eco
Desesperada...
Mas não há nada
A fazer: Eco
Nunca me entende,
Repete tudo,
Mesmo se grito.
Assim me atende: e
'Por que me iludo?'
Vem do infinito.
De cada instante
Captar a vez
Da voz. Talvez,
Seja importante
Escutar Eco
Desesperada...
Mas não há nada
A fazer: Eco
Nunca me entende,
Repete tudo,
Mesmo se grito.
Assim me atende: e
'Por que me iludo?'
Vem do infinito.
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terça-feira, 21 de junho de 2011
Adriano Nunes: "Erato"
"Erato"
Assumir o
Risco de amar
Aquele mar
De imagens. miro-
O: mar-miragem?
Abrigar o
Instante raro,
Mais que linguagem.
Silêncio! A Musa
Sonhada não
Virá em vão.
Verso e viver,
Vasto prazer...
Que graça a acusa?
Assumir o
Risco de amar
Aquele mar
De imagens. miro-
O: mar-miragem?
Abrigar o
Instante raro,
Mais que linguagem.
Silêncio! A Musa
Sonhada não
Virá em vão.
Verso e viver,
Vasto prazer...
Que graça a acusa?
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sexta-feira, 17 de junho de 2011
Adriano Nunes: "Arte Poética"
"Arte Poética"
Revirar o
Íntimo do infinito
À procura
De um verso.
No mínimo, entregar-me à
Arquitetura
Da tentativa, mas
Não enganar o
Coração:
Abrigar o mais claro
Silêncio
Do que dito
Pode ainda ser,
E seria, a
Puríssima alegria.
Revirar o
Íntimo do infinito
À procura
De um verso.
No mínimo, entregar-me à
Arquitetura
Da tentativa, mas
Não enganar o
Coração:
Abrigar o mais claro
Silêncio
Do que dito
Pode ainda ser,
E seria, a
Puríssima alegria.
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quarta-feira, 15 de junho de 2011
Adriano Nunes: "Mera mágica" - Para Manuel Bandeira
"Mera mágica" - Para Manuel Bandeira
Aquele instante,
(Ai, sinto o
Amor
Abrigando-se
Em meu âmago!)
Grave instante,
Em que a qui-
Mera mágica
Salvar-me-ia
Do tísico tédio.
Era a pena sangrando
A cinza hora,
A puríssima alegria:
A poeira, os ácaros,
Os livros,
Os livros de poesia!
Aquele instante,
(Ai, sinto o
Amor
Abrigando-se
Em meu âmago!)
Grave instante,
Em que a qui-
Mera mágica
Salvar-me-ia
Do tísico tédio.
Era a pena sangrando
A cinza hora,
A puríssima alegria:
A poeira, os ácaros,
Os livros,
Os livros de poesia!
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sexta-feira, 10 de junho de 2011
Adriano Nunes: "Visita íntima"
"Visita íntima"
Não posso proclamar mais nada.
Um dragão faminto abrigou-se
No labirinto
Mais íntimo da minha alma.
Silêncio!
Agora, revirando tudo
Que penso,
O monstro
Devora, à
Tez do tempo, a nítida nata
Do que se exala
Do âmago dos sons, dos signos,
Do que é preciso
Ser dito e...
Ao olvido devolve as palavras.
Não posso proclamar mais nada.
Um dragão faminto abrigou-se
No labirinto
Mais íntimo da minha alma.
Silêncio!
Agora, revirando tudo
Que penso,
O monstro
Devora, à
Tez do tempo, a nítida nata
Do que se exala
Do âmago dos sons, dos signos,
Do que é preciso
Ser dito e...
Ao olvido devolve as palavras.
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Adriano Nunes: "Paraíso"
"Paraíso"
Dessa vez, não
Foram as suas mentiras deliciosas (
Não eram delas as artimanhas
Do tempo) não foram as desculpas,
As mensagens cheias de artifícios,
Os atrasos, os motivos,
As queixas.
Dessa vez, não
Foram as suas mancadas previsíveis (
Não eram delas as vãs astúcias
Da ilusão) não foram as promessas,
As falsas declarações, as brigas,
Os conchavos gratuitos, os amigos,
Os erros.
Dessa vez (Por questão
de sobrevivência)
Decidi expulsá-lo, ó vocábulo
Inalcançável !,
De vez, ( A que ponto
Cheguei!?)
Do meu coração.
Dessa vez, não
Foram as suas mentiras deliciosas (
Não eram delas as artimanhas
Do tempo) não foram as desculpas,
As mensagens cheias de artifícios,
Os atrasos, os motivos,
As queixas.
Dessa vez, não
Foram as suas mancadas previsíveis (
Não eram delas as vãs astúcias
Da ilusão) não foram as promessas,
As falsas declarações, as brigas,
Os conchavos gratuitos, os amigos,
Os erros.
Dessa vez (Por questão
de sobrevivência)
Decidi expulsá-lo, ó vocábulo
Inalcançável !,
De vez, ( A que ponto
Cheguei!?)
Do meu coração.
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Adriano Nunes: "Mito" - Para Péricles Cavalcanti
"Mito" - Para Péricles Cavalcanti
O que não foi dito -
Repito -
Assombra o
Infinito.
O amor é mais que isto,
Mito
A impor ao peito
Propósitos in-
Contidos, O que não pode ser
Feito
Apenas através de
Resenhas, rasuras, rabiscos,
Sintéticos sentidos,
Regra e ritmo e risco e
Rito rígido.
Repito: o
Amor não se contenta só
Com o íntimo.
O que não foi dito -
Repito -
Assombra o
Infinito.
O amor é mais que isto,
Mito
A impor ao peito
Propósitos in-
Contidos, O que não pode ser
Feito
Apenas através de
Resenhas, rasuras, rabiscos,
Sintéticos sentidos,
Regra e ritmo e risco e
Rito rígido.
Repito: o
Amor não se contenta só
Com o íntimo.
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segunda-feira, 6 de junho de 2011
Adriano Nunes: "A poesia tem os olhos dos outros"
"A poesia tem os olhos dos outros"
A poesia tem os olhos dos outros,
Enxerga o que quer,
Quando quer.
Quando não, finge
Decifrar, a áureo preço,
Enigmas e esfinges.
As suas lágrimas são
De quântica ilusão,
Tal um crocodilo
Do Nilo,
Após cada mastigação.
A poesia, sempre esperta,
Espartana guerreira,
Burguesa germânica
À livre feira, carrega
Na retina a distância certa
Entre o leitor e
O poeta.
Não subestimem mesmo
O seu olhar de Górgona
Carente, não o ponham,
À prova,
Ante a violência súbita
Da astúcia:
À mera contemplação,
Tudo verte-se em pedra.
A poesia tem os olhos dos outros,
Enxerga o que quer,
Quando quer.
Quando não, finge
Decifrar, a áureo preço,
Enigmas e esfinges.
As suas lágrimas são
De quântica ilusão,
Tal um crocodilo
Do Nilo,
Após cada mastigação.
A poesia, sempre esperta,
Espartana guerreira,
Burguesa germânica
À livre feira, carrega
Na retina a distância certa
Entre o leitor e
O poeta.
Não subestimem mesmo
O seu olhar de Górgona
Carente, não o ponham,
À prova,
Ante a violência súbita
Da astúcia:
À mera contemplação,
Tudo verte-se em pedra.
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Adriano Nunes: "A bruta revelação"
"A bruta revelação"
Não,
Não me atentes
Para isso.
Sei que é
Um pouco tarde
Para desvencilhar-me
Desse compromisso.
O verso me atraiu,
Eu sinto.
Em Ítaca, de passagem,
Pude contemplar
O bordado inacabado de Penélope...
Por que não me mostras
Outras tantálicas imagens,
Outros incontidos sentidos
Para os labirintos linguísticos
Das laringes de grafite,
A bruta revelação?
Não,
Não me exponhas
Ao ridículo, ante os ritos
Do Olimpo, sei que
Sou um tolo, sabes,
Deixei indícios
Em oxímoros, em alardes íntimos.
Confesso: o verso me atraiu...
Desde menino.
Não,
Não me atentes
Para isso.
Sei que é
Um pouco tarde
Para desvencilhar-me
Desse compromisso.
O verso me atraiu,
Eu sinto.
Em Ítaca, de passagem,
Pude contemplar
O bordado inacabado de Penélope...
Por que não me mostras
Outras tantálicas imagens,
Outros incontidos sentidos
Para os labirintos linguísticos
Das laringes de grafite,
A bruta revelação?
Não,
Não me exponhas
Ao ridículo, ante os ritos
Do Olimpo, sei que
Sou um tolo, sabes,
Deixei indícios
Em oxímoros, em alardes íntimos.
Confesso: o verso me atraiu...
Desde menino.
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domingo, 5 de junho de 2011
Adriano Nunes: "O Leitmotiv ao qual aspiro"
"O Leitmotiv ao qual aspiro"
Deixar o sonho assumir o
Piloto automático, ter
Do instante raro como ter-
Minar o verso que respiro,
Sentir o sopro assistir o
Outro, o que preciso só ser
Ante o íntimo, aos poucos, ser-
Vir à vida o mágico giro
Das imagens.... Áureo suspiro!
Expulsar os eixos, rever-
Ter tudo: É preciso rever
O Leitmotiv ao qual aspiro.
Deixar o sonho assumir o
Piloto automático, ter
Do instante raro como ter-
Minar o verso que respiro,
Sentir o sopro assistir o
Outro, o que preciso só ser
Ante o íntimo, aos poucos, ser-
Vir à vida o mágico giro
Das imagens.... Áureo suspiro!
Expulsar os eixos, rever-
Ter tudo: É preciso rever
O Leitmotiv ao qual aspiro.
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sábado, 4 de junho de 2011
Adriano Nunes: "a poesia" - Para Waly Salomão
"a poesia" - Para Waly Salomão.
seja lá o que for...
tudo ou tudo ou
mágica,
o que se fincou
na alma,
poço sem mundo,
o que não ser-
ve para nada,
osso duro
de roer.
seja lá o que for...
tudo ou tudo ou
mágica,
o que se fincou
na alma,
poço sem mundo,
o que não ser-
ve para nada,
osso duro
de roer.
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quinta-feira, 2 de junho de 2011
Adriano Nunes: "Para depois"
"Para depois"
Tenho almejado faróis,
Ante os meus olhos feridos
Pelos espectros do amor,
E atravessado as savanas
Do existir, com muito medo.
No quarto vazio, em busca
Do elixir misto de oxímoros
E saudades, atirei-me
No báratro dos acasos,
Pra saber-me mais em mim.
Quase um rapto... E tudo fora
Ver o inverno violentíssimo,
Brusco, através da vidraça...
Tenho-me dado aos dragões
De grafite, às peripécias
Do assalto sutil do lápis
Sobre a folha, feito o último
Pedido, no cadafalso,
Para depois: O cantar!,
Deixar os vivos vestígios
Do que pensei e senti.
Tenho almejado faróis,
Ante os meus olhos feridos
Pelos espectros do amor,
E atravessado as savanas
Do existir, com muito medo.
No quarto vazio, em busca
Do elixir misto de oxímoros
E saudades, atirei-me
No báratro dos acasos,
Pra saber-me mais em mim.
Quase um rapto... E tudo fora
Ver o inverno violentíssimo,
Brusco, através da vidraça...
Tenho-me dado aos dragões
De grafite, às peripécias
Do assalto sutil do lápis
Sobre a folha, feito o último
Pedido, no cadafalso,
Para depois: O cantar!,
Deixar os vivos vestígios
Do que pensei e senti.
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