quarta-feira, 17 de março de 2010

ADRIANO NUNES: "A apenas um verso"

"A apenas um verso"



Toda madrugada,
Tudo me interessa.
Vida? Talvez essa
Alegria atada

A apenas um verso.
Claro que me entrego
Ao poema. Cego,
Persigo-o, perverso

Que sou. Só agora,
Da felicidade,
Gozo. O sonho aflora

Na folha e me invade.
O sono demora
A vir... Liberdade?





domingo, 14 de março de 2010

ADRIANO NUNES: "Esta noite"

"Esta noite"



Esta noite. Ou nenhuma
Outra. Loucura
Sem igual.
O amor é mais forte?
Que me importa
Saber?

Uma dose ou todas
Aquelas lembranças?
Tudo gira. Céu
Na vitrola,
Carrossel, roleta-russa,
Ciranda.

Ninguém precisa ouvir
Meu grito
Ou compreender nada.
Pensei até em chorar.
Gravidade?
Gratidão...

Outrora lágrimas
E chantagem sem graça
Alguma. Alegria
É poder revelar
O meu coração.
Satisfeito?





segunda-feira, 8 de março de 2010

ADRIANO NUNES: "Das retinas, a vida dada" - Para Péricles Cavalcanti.

"Das retinas, a vida dada" - Para Péricles Cavalcanti.





Voltei pra casa. Não há nada
Melhor que rever os meus velhos
Amigos, tê-los nos espelhos
Das retinas, a vida dada

De uma só vez, em cada verso,
Como se vingasse a alegria
Em tudo. Por que não daria
Asas ao sonho? Eu me disperso

Entre os móveis e o vão da rua
Em que cresci. Somente o tédio
Não precisa desse remédio

Agora. Que muito me importa?
Estou de volta... E pela porta
Da frente, de alma aberta, nua.





quarta-feira, 3 de março de 2010

ADRANO NUNES: "Agora é tigre, mas"- Para meu amigo Mariano.

"Agora é tigre, mas" - Para meu amigo Mariano.




Brinca a minha sobrinha,
Com pedrinhas, sozinha.
Uma é gente, outra é pedra
Mágica. A vida engendra

O faz-de-conta. Assim,
Surge a alegria em mim.
Agora é tigre, mas
Fora jogo de damas,

Jato atirado fora,
Casa onde ninguém mora.
Abracadabra! Já

É chegado o momento
Da despedida. Tento
Não mais fugir de lá.






ADRIANO NUNES: "Junto aos brnquedos e móveis do lar"

"Junto aos brinquedos e móveis do lar" - Para Antonio Cicero.





O meu primeiro poema esqueci
Em algum lugar da infância. Talvez,
Nas gavetas da alegria. Uma vez
Mais me abrigo à sombra do cambuci,

Tentando encontrar-me, pra ser feliz.
Sequer sei das palavras que criei
Naquela época de sonho. Era um rei
Entre bárbaros - Um bardo me fiz

Junto aos brinquedos e móveis do lar.
Era tudo mágico: o trololó,
As rimas pobres, sem nunca as contar!

Agora é complicado, é quase um nó
Escrever o que sinto, sem mudar
Nada à margem do que penso, é ser só.











terça-feira, 2 de março de 2010

ADRIANO NUNES: "Depois, a alegria celebro" - Para Carmen Silvia Presotto

"Depois, a alegria celebro" - Para Carmen Silvia Presotto




Tento fazer a coisa certa. A
Coisa é certa. ( Que coisa é certa?)

Co' alma atenta, de corpo aberto,
Entrego-me à tinta: Liberto

O verso dos grilhões do cérebro.
Depois, a alegria celebro.

O meu coração quase pára: A
Vida é dada à ideia mais rara!









segunda-feira, 1 de março de 2010

Adriano Nunes: "Que somos nós dois agora?"

"Que somos nós dois agora?"


Que somos nós dois agora
Ante o instante deste amor?
Que somos, ó verso, agora
Ante o que sequer mais volta?

Que somos nós dois agora,
Depois de desmascarada 
A alma? Quanto  nos sobra 
Depois de tanta porrada 

Na cara? Que somos nós 
Dois agora, nesta noite 
Alta, Co' o efeito ilusório 
Dos ansiolíticos, dos 

Infinitos ingeridos,
De vez? Que somos nós dois
Agora, ante o navio 
Que parte,  a fome que dói

O fogo que se propaga?
Que somos nós dois agora,
Enquanto te rapto em mim, 
Em busca do tudo ou nada?

Que somos nós dois agora,
Entre os remorsos e as dúvidas?
Que somos nós dois agora
Ante o sentido rasgado, 

Pelo amante distraído, o
Poeta  pronto pra o olvido,
Sem graça, a ver o que passa
Pela vidraça do ser,

Diante de grãs quimeras?
Que somos nós dois agora,
Por pesar mundos lá fora,
Por querer, e mais querer?