"Aos deuses do olvido"
Deixar o ar
Da despedida
Penetrar pelas frestas do que se forma
Com o fôlego das dúvidas remotas,
Forçá-lo a ir pela saída mais íntima
Do flerte, do gesto, do riso, pô-lo à prova
Dos desejos que a alma contornam,
Expirá-lo num êxtase incontido,
Vê-lo vento a virar furacão,
Balançar o cabelo da palavra
Que, por mais que se procure,
Não se acha esculpida
Na vontade de encontrá-la, nave e nuvem,
Acenar para quem passa,
Atravessar a ponte que já vai longe, fora
Do alcance dos arames farpados da memória,
Saber o seco de ser e ser,
E em um fragmento fundar o que suspenso
Pode estar: o instante in-
Terminável sobre os termos táteis, totais,
Do contrato estabelecido
Entre o Ego e Eros,
Engendrar a volta por cima das cinzas, fênix
Dos acasos práticos do medo.
Escrever um verso e dá-lo,
Sem o fórceps do tempo,
Sem o velcro dos espaços corrosivos,
Sem as vestes dos discursos nítidos,
Sem a voz que aparente cantá-lo pretende,
Ante o destino convulso de tudo...
Ser feliz, mesmo na estranhíssima entrelinha
Do agora. Abrir portas.
Altamente sublime. Verdadeira contribuição sensível. Muito belo, Adriano.
ResponderExcluirUm grande abraço,
Joana Lavôr
Cara Joana,
ResponderExcluirmuito obrigado!
Abraço forte!
Adriano Nunes