sábado, 21 de fevereiro de 2009

Adriano Nunes: "Quântico carnaval"

"Quântico carnaval"


Entre os livros, quântico carnaval.
Revesti-me de alguns versos, de sóis
De metáforas, e me embriaguei
De toda a lida, de quimeras infindas.

Fui as sobras dos carros alegóricos
De cada palavra, e, assim, desfilei. 
Brinquei de horizontes e, extasiado,
Inventei as avenidas de Olinda,

Recife, Rio, Veneza, Salvador,
Abriguei os portentos e as paisagens
Em meu âmago, pra ter vida ainda...
Eram ecos, mas  me encontrei, de fato.

De colombina, a poesia, linda.
Sim, entendi a bruta eternidade e
Fervi na febre do frevo fugaz
De quatro dias: sináptico amor

O vácuo das conversas invadia
E pulsava oxímoros, medos e taras,
Pra parar, subitamente, depois,
Na berlinda do que houvera e se foi.




6 comentários:

  1. Meu amigo, poeta, Adriano. Sou Judas do Carnaval. Não gosto de Carnaval.
    Aqui deixo um poema, para compartilhar com o belo escrito por ti, de Mario Quintana.

    "O SILÊNCIO

    O mundo, às vezes, fica-me tão insignificativo
    Como um filme que houvesse perdido de repente o som.
    vejo homens, mulheres: peixes abrindo e fechando a
    [boca num aquário
    Ou multidões: macacos pula-pulando nas arquibancadas
    [dos estádios...
    Mas o mais triste é essa tristeza toda colorida dos
    [carnavais
    Como a maquilagem das velhas prostitutas fazendo
    [trottoir.
    Às vezes eu penso que já fui um dia um rei, imóvel no
    [seu palanque,
    Obrigado a ficar olhando
    Intermináveis desfiles, torneios, procissões, tudo isso...
    Oh! Decididamente o meu reino não é deste mundo!
    Nem do outro..."


    Abraços!


    Marcos Seiter

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  2. nesse contexto de carnaval:

    escanteio
    líria porto

    meu mestre-sala
    dançou com roseli

    chegou da dispersão tão distraído
    tão esquecido de mim
    deu-me beijo de bom-dia
    e foi dormir

    *

    vou dar um rolé pelo teu blog...

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  3. Gostei do teu poema.
    A única máscara que conheço é esta que nos cobre a alma: o corpo.
    Beijinho

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  4. Muito bom, poeta-dínamo. Este poema é da mesma genealogia dos versos de Bandeira no livro "Carnaval".

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  5. Gosto dessa fantasia: "vestimo-nos de versos".
    Lindo o teu poema.
    Beijinhos.
    Isabel

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