domingo, 17 de janeiro de 2010

ADRIANO NUNES: "Através das frestas"

"Através das frestas"




Sou outra criança
Solta no perímetro
Desse paraíso
Perigoso. Sonho:
Posso ser expulso

A qualquer momento,
Sem mexer em nada.
O meu coração
Corre todo o risco
De agradar à farsa

De Deus. Não preciso
De provar do fruto
Da escravidão. Fujo
Feito aquele pássaro,
Às pressas, da víbora.

Da vida divina,
Sem devir, sem graça,
O que me interessa?
Através das frestas
Da cerca da crença,

lanço-me à razão.
Que felicidade
Afaga o meu ser!
Por pirraça, furto
Os pomos pra mim.








2 comentários:

Ana Tapadas disse...

Tens uma produção constante e de bons poemas. Parabéns!
beijinho

Eleonora Marino Duarte disse...

adriano,

este poema tem uma teatralidade. é plenamente verbal.

ficaria muito bom dito em voz alta, tem força.

a imagem final deu a ele um desfecho que liberdade maravilhoso: "...furto
Os pomos pra mim."

muito bom!

um beijo.